Encontro de Edinho Silva com Kalil para discutir eleição em Minas provoca reação no PT

 

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Lideranças petistas de Minas Gerais reagiram com contrariedade à notícia de que o presidente do partido, Edinho Silva, vai se encontrar na sexta-feira com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil. A sigla tenta construir um palanque para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no estado, segundo maior colégio eleitoral do país e decisivo nas disputas presidenciais.

Integrante da executiva nacional do PT, Romênio Pereira, secretário de Relações Institucionais, disse que considera a reunião com o ex-prefeito de BH “um movimento precipitado” e prometeu “trabalhar para que a aliança não se concretize”.

Kalil se filiou ao PDT no mês passado e tem a pretensão de disputar novamente o governo estadual, assim como em 2022, quando foi derrotado por Romeu Zema (Novo). Lula já manifestou publicamente que o seu nome preferido no estado é o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD).

Com pretensões de ser indicado para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso, Pacheco, porém, não manifestou ainda de forma clara interesse em concorrer a governador. Caso decida entrar na disputa, o ex-presidente do Senado ainda teria que encontrar um novo partido, já que o PSD acabou de filiar o atual vice-governador Mateus Simões, que planeja tentar ser o sucessor de Zema.

Diante desse cenário, petistas de Minas têm buscado alternativas de palanque para Lula. Um dos nomes citados como opção é a prefeita petista de Contagem, Marília Campos. Desde a redemocratização, nenhum presidente foi eleito sem vencer no estado.

A viagem de Edinho Silva a Minas não ficará restrita ao encontro com Kalil. O dirigente terá outras agendas no estado nesta quinta-feira e sexta-feira. Sobre a conversa com Kalil, o presidente do PT afirmou:

— O PT sempre será um partido de muito diálogo. O PDT pediu para dialogarmos de forma prioritária em três estados: Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Vamos valorizar a demanda do PDT, que é um parceiro histórico. Dialogar não significa apoiar. As decisões vão depender dos cenários, e sempre as direções do PT nos estados vão estar nos processos decisórios. A prioridade sempre será a montagem do palanque para o presidente Lula, as posições pessoais e divergências locais terão que ser superadas.

No mês passado, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, participou de um jantar com Kalil em Brasília, o que também foi visto como um gesto de reaproximação .

Romênio Pereira afirma que os outros três mineiros que fazem parte da executiva nacional do PT também não foram avisados previamente da conversa de Edinho com o ex-prefeito de BH. Internamente, outras lideranças petistas também criticaram a decisão do presidente da legenda.

— É um movimento precipitado que tem grandes chances de não der certo. Vou trabalhar para que essa aliança não se concretize — afirmou Romênio.

Em 2022, Kalil foi candidato a governador pelo PSD com o apoio de Lula. Derrotado no primeiro turno, teve divergências com lideranças petistas locais ao longo da campanha. No segundo turno da eleição presidencial, Kali foi acusado de não se empenhar pelo petista.

O secretário de Relações Institucionais do partido ainda lembrou que Kalil não compareceu, apesar de convidado, a um jantar de homenagem a Lula, organizado pelo ex-ministro e empresário Walfrido dos Mares Guia,em fevereiro do ano passado.

— É uma pessoa que não quer uma aliança com o PT. É pouco elegante na política — acrescenta Romênio Pereira.