Embalado pela vaga do Flamengo na final da Libertadores, pequeno Davi de 7 anos vence grave problema cardíaco

 

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Apaixonado pelo Flamengo desde que aprendeu a chutar uma bola, Davi Rafael Correa da Rosa, de 7 anos, está com o coração novo para torcer pelo time na final da Libertadores, amanhã, contra o Palmeiras, que será disputada em Lima, no Peru. Graças, em parte, ao amor pelo Rubro-Negro.

Entre máquinas, médicos e o órgão transplantado que insistia em não bater, a virada veio na semifinal diante do Racing, em Buenos Aires, na Argentina. Crente no poder do futebol, André Fabiano da Rosa decidiu assistir à partida ao lado do filho dentro da UTI do Hospital São Luiz Itaim, em São Paulo, no máximo volume permitido.

Davi, de 7 anos, é fanático pelo Flamengo

Arquivo Pessoal

Sedado, Davi não esboçou reação no momento. No dia seguinte, no entanto, vieram os primeiros batimentos do novo coração. Havia um risco maior por ser um órgão que já havia sofrido parada cardíaca e pelo menino ter necessitado de assistência de máquinas para o corpo funcionar.

— Os pais dele têm muita fé, e o pai me falou: “Doutor, vou colocar o jogo no volume máximo e o coração dele vai reagir”. Coincidentemente ou não, na quinta-feira (dia seguinte ao jogo), ele começou a recuperar, na sexta, melhorou bem e, no sábado, tiramos a assistência após uma semana — conta o cirurgião cardiovascular da Rede D’Or Leonardo Miana.

Davi era um menino cheio de energia, mas uma virose ligou o alerta. Após idas a vários médicos, a descoberta que mudaria tudo: seu coração estava muito fraco. Suspeitou-se de miocardite, mas, após transferência, veio o diagnóstico: miocardiopatia dilatada. O quadro era tão grave que seus rins e fígado já começavam a falhar. Davi precisava de ajuda urgente.

Tecnologia manteve o menino vivo

Para manter o menino vivo, os médicos recorreram à tecnologia: um Dispositivo de Assistência Ventricular, uma bomba que substitui temporariamente o coração. Um transplante era fundamental e urgente.

Doze dias depois, chegou a notícia: havia um coração disponível. Não era o órgão ideal — o doador havia sofrido uma parada cardíaca de 30 minutos —, mas ainda assim poderia representar a única chance real. A família aceitou. A longa cirurgia foi bem-sucedida. Mas, no fim, quando todos esperavam ouvir o primeiro compasso do novo coração, veio o silêncio. O órgão não batia.

Entrou em cena, o segundo “coração artificial”. Desta vez, o ECMO — um equipamento que assume as funções do coração e dos pulmões ao bombear e oxigenar o sangue fora do corpo. Os médicos sabiam: a maioria dos corações recupera o batimento em até quatro dias. Mas os dias passaram... e nada acontecia.

Mensagens dos ídolos

Foi aí que a paixão de Davi e do seu pai entrou na história. Os primeiros batimentos do coração transplantado horas após a dramática classificação do Fla à decisão foi como um gol no último minuto. Pouco mais de 10 dias após o transplante, Davi foi tirado da sedação e acordou, pela primeira vez, com o coração novo.

O hospital entrou em contato com o clube e contou a história. O menino recebeu declarações dos seus ídolos. Léo Pereira, Rossi, Erick Pulgar e Pedro gravaram vídeos.

— Ele ficou muito feliz e surpreso. Isso deu mais vontade de se recuperar e voltar a jogar bola — disse a mãe Wandressa da Rosa.

De coração pronto, Davi agora espera o tetra.