Embaixada dos EUA propõe grupo de trabalho para discutir investimentos em minerais críticos

 

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O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, propôs ao Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) a criação de um grupo de trabalho entre o governo americano, a indústria brasileira de mineração e o governo Lula para discutir "investimentos americanos em projetos de produção de minerais críticos e estratégicos" no Brasil.

Escobar, que é o principal representante da diplomacia americana no Brasil atualmente, encontrou-se com o presidente do Ibram e ex-ministro da Defesa, Raul Jungmann, nesta terça-feira em Salvador, em evento do instituto.

O Ibram, que funciona como representante setorial da mineração no Brasil, aceitou a proposta. A participação do governo brasileiro, segundo o Ibram, está pendente de conversas da embaixada americana e do Instituto com autoridades. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, vai se reunir nesta quarta-feira com Jungmann em Salvador para participar de um evento e conversar sobre a proposta de Escobar.

Procurada, a Embaixada dos EUA não se manifestou sobre o assunto até a publicação desta reportagem. Em julho, Escobar já havia transmitido a Jungamenn a mensagem de que o governo Trump está interessado em realizar acordos com o Brasil para a aquisição dos chamados minerais críticos e estratégicos, a exemplo de lítio e nióbio, bem como acordos envolvendo as chamadas terras raras, um conjunto de minerais importantes para a transição energética e usados, por exemplo na fabricação de baterias, turbinas eólicas e telas de LED.

Os Estados Unidos vivem uma disputa geopolítica com a China e um dos principais aspectos da contenda é a corrida pelo desenvolvimento de tecnologias para a transição energética. Hoje, a China detém a maior reserva de terras raras do mundo, além de dominar a tecnologia de processamento do material. O Brasil tem a segunda ou terceira maior reserva, a depender das estimativas. A gestão Trump tem buscado assegurar o fornecimento firme desses materiais no longo prazo.

"O Ibram irá prospectar, junto às mineradoras associadas, oportunidades de investimento na produção mineral que poderão contar com eventuais aportes de capital dos EUA, via instituições de fomento", disse a entidade em nota.

Jungmann diz, em nota, estar "otimista com esta proposta ainda em construção, já que irá atrair investimentos vultosos ao Brasil e dinamizar negócios, empregos e renda nas diversas cadeias produtivas relacionadas à indústria da mineração nacional".

Em dezembro, haverá um novo encontro, nos Estados Unidos, entre representantes do governo americano e empresários daquele país com o IBRAM, organizado pela Embaixada.

Segundo Jungmann, Escobar afirmou novamente que seu governo tem interesse em "parceiras com o Brasil em projetos envolvendo minerais críticos – como terras raras – para infraestrutura, energia e defesa".

No encontro, Escobar teria afirmado que os recentes encontros entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, além de outras autoridades dos dois países, serviram para "abrir caminho para que esta articulação possa se concretizar".

Na avaliação do Ibram, as conversas e negociações no âmbito desse grupo de trabalho podem resultar em acordos comerciais similares ao já firmado entre EUA e Austrália em torno de minerais críticos, incluindo gálio, "de modo a fortalecer as cadeias de fornecimento na Austrália com capital americano e reduzir a dependência da China".

Também participaram da reunião com Escobar o vice-presidente do Ibram e ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e o diretor de Sustentabilidade da entidade, Rinaldo Mancin.