Em silêncio e à luz de velas, Austrália lembra vítimas de atentado em praia de Sydney
Os australianos acenderam velas e guardaram um minuto de silêncio neste domingo para homenagear as 15 vítimas do atentado em Bondi Beach, neste domingo (21), uma semana depois de dois homens dispararem contra uma multidão durante a festividade judaica de Janucá, em Sydney.
Atirador da Austrália é acusado de 59 crimes, incluindo homicídio e terror, após assassinato de 15 pessoas em festividade judaica
Um pai e seu filho, Sajid e Naveed Akram, são acusados de terem aberto fogo no último domingo em Bondi Beach, um ponto turístico emblemático do estilo de vida australiano, frequentado por famílias em um dia ensolarado.
Sajid Akram, de 50 anos, foi morto pela polícia durante o ataque de 14 de dezembro. Naveed, de 24 anos, que sobreviveu e permanece hospitalizado sob custódia policial, enfrenta acusações que incluem terrorismo e 15 homicídios.
As autoridades afirmaram que o ataque, um dos mais mortais da história da Austrália, foi provavelmente “motivado pela ideologia” do grupo jihadista Estado Islâmico.
Exatamente uma semana após os primeiros relatos de disparos, às 18h47 (7h47 GMT), os australianos observaram um minuto de silêncio em um dia nacional de reflexão sob o lema “a luz sobre a escuridão”.
As bandeiras foram hasteadas a meio-mastro, e as autoridades pediram à população que colocasse uma vela nas janelas para homenagear as vítimas e demonstrar apoio à comunidade judaica.
“Estamos aqui juntos”, disse Roslyn Fishall, membro da comunidade judaica de Sydney. “Aproximem-se dos desconhecidos e abracem-nos. Vamos fazer a paz juntos”, afirmou à AFP, diante de um memorial improvisado na praia de Bondi.
“Trazer de volta a luz”
“São sessenta segundos arrancados do ruído da vida cotidiana, dedicados aos quinze australianos que deveriam estar hoje conosco”, declarou o primeiro-ministro Anthony Albanese, na véspera da homenagem.
“Será um momento de pausa para refletir e afirmar que o ódio e a violência nunca definirão o que é ser australiano”, acrescentou.
O premiê participou no domingo das homenagens em Bondi Beach, onde um hidroavião sobrevoou a área exibindo uma mensagem de amor à comunidade judaica.
Muitas pessoas também prestaram tributo às vítimas com atos simbólicos de lembrança.
Centenas de banhistas e surfistas entraram nas águas da praia de Bondi na sexta-feira para formar um grande círculo.
“Pessoas inocentes foram massacradas e hoje eu volto a nadar aqui, fazendo parte da minha comunidade novamente, para trazer de volta a luz”, declarou à AFP o consultor de segurança Jason Carr.
No sábado, socorristas surfistas se alinharam na orla da praia e guardaram três minutos de silêncio, alguns gritando palavras de apoio ou se abraçando.
Luta contra o ódio
O ataque provocou uma reflexão nacional sobre o antissemitismo, a indignação com a incapacidade de proteger os judeus australianos e as promessas de endurecer as leis e sanções contra o ódio, o extremismo e a posse de armas.
Albanese ordenou no domingo uma revisão dos serviços de polícia e inteligência para determinar se existiam condições adequadas “para garantir a segurança dos australianos” após o ataque em Bondi Beach.
Paralelamente à tragédia, surgiram relatos de bravura e altruísmo: banhistas desarmados que enfrentaram os agressores fortemente armados, protegendo familiares, amigos e desconhecidos, ou se expondo aos disparos para socorrer feridos.
O comerciante Ahmed al Ahmed, pai de filhos que se mudaram para a Austrália vindos da Síria há quase uma década, foi elogiado após a divulgação de um vídeo nas redes sociais que o mostrava agachado entre carros antes de tentar desarmar um dos atacantes.
Ele foi atingido por vários disparos.
O governo australiano anunciou uma série de medidas rigorosas contra a posse de armas e o discurso de ódio, prometendo leis federais mais duras e sanções mais severas.
Muitos judeus australianos criticaram as autoridades por não terem oferecido proteção suficiente antes do ataque.
“Nós nos sentimos seguros? A resposta é ‘não realmente’, para ser sincero”, disse o rabino Yossi Friedman à AFP, em um memorial floral em homenagem às vítimas.
As famílias realizaram funerais para seus entes queridos. Um dos mais comoventes foi o de Matilda, de 10 anos, a mais jovem entre as vítimas fatais, descrita durante a cerimônia como “nosso pequeno raio de sol”.
