Em aceno ao mercado, Flávio se apresenta como Bolsonaro 'mais moderado'

 

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O senador Flávio Bolsonaro se apresentou como um Bolsonaro “mais moderado” em mais um almoço com empresários de São Paulo, nesta quarta-feira (17), em uma nova estratégia do parlamentar para reduzir resistências do mercado financeiro à sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026.

O encontro reuniu cerca de 50 empresários de diferentes setores e estava marcado para o meio-dia, mas Flávio chegou com aproximadamente três horas de atraso. Por isso, cerca de dez empresários deixaram o local antes da chegada do senador. Aos jornalistas, participantes disseram que ele fez um discurso breve e depois respondeu a perguntas dos convidados.

De acordo com empresários ouvidos pela reportagem, o clima ao fim do encontro foi de otimismo. Alguns relataram que saíram “animados” com a conversa e com a percepção de que Flávio adotou um tom mais moderado e pragmático. Houve também a avaliação de que o senador demonstra ter aprendido com erros cometidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e que hoje mantém bom trânsito no Congresso Nacional, o que foi visto como um sinal positivo.

Durante a conversa, Flávio não citou nomes para uma eventual chapa presidencial, mas afirmou que pretende anunciar, ao longo da campanha, os integrantes de um possível ministério, como forma de dar previsibilidade e sinalizar compromisso com a agenda econômica. Temas como segurança pública e economia dominaram o encontro.

Nos bastidores, empresários avaliaram ainda que, independentemente do cenário nacional, o governador Tarcísio de Freitas pode ser uma peça-chave para manter a direita no comando de São Paulo em 2026, evitando a abertura de espaço para outros nomes, como o atual vice-presidente Geraldo Alckmin ou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A leitura é de que o desenho das candidaturas precisará considerar tanto a disputa presidencial quanto a sucessão no maior colégio eleitoral do país.

Flávio também afirmou que não há animosidade entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e avaliou a relação entre os dois como positiva.

O almoço ocorreu na casa do empresário Gabriel Rocha, sobrinho de Flávio Rocha, presidente do conselho do grupo que controla a Riachuelo e aliado histórico do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A aproximação com empresários da Faria Lima ocorre em meio à tentativa de Flávio de demonstrar viabilidade política. Na semana passada, ele já havia participado de outro almoço com empresários, na sede do banco UBS, também em São Paulo, em um movimento interpretado por aliados como uma disputa direta com Tarcísio pelo apoio do mercado financeiro.

O gesto também é visto como resposta às resistências que o senador ainda enfrenta em setores estratégicos da direita. Lideranças do Centrão, representantes do agronegócio, parlamentares ligados à segurança pública e segmentos evangélicos seguem demonstrando cautela em relação à sua capacidade eleitoral e apontam Tarcísio como o nome mais competitivo para enfrentar o presidente Lula em 2026.

A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta semana é citada nesse contexto: em um eventual segundo turno, Lula aparece com 46% das intenções de voto, contra 36% de Flávio, enquanto Tarcísio soma 35% no mesmo recorte. O desempenho numericamente superior ao do governador paulista passou a ser usado por aliados do senador como argumento de que ele pode ganhar tração ao longo da campanha.