El Salvador condena membros de gangue a penas que chegam a mil anos de prisão

 

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A Justiça de El Salvador, onde o presidente Nayib Bukele conduz uma intensa “guerra” contra as gangues, condenou dezenas de integrantes da Mara Salvatrucha (MS-13) a longas penas de prisão, incluindo uma sentença que ultrapassa mil anos, informou a Promotoria neste domingo (22).

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Desde março de 2022, o governo salvadorenho opera sob um regime de exceção que permite prisões sem ordem judicial. Mais de 90 mil pessoas foram detidas nesse período, enquanto mais de 8 mil acabaram liberadas por falta de evidências, segundo dados oficiais.

Em publicação no X, a Promotoria afirmou que 248 membros da MS-13 foram condenados por 43 homicídios, 42 desaparecimentos e outros crimes. O órgão não detalhou a data das sentenças nem esclareceu se elas fazem parte de julgamentos coletivos.

Um dos integrantes da gangue, classificado como “terrorista” pelos Estados Unidos, recebeu pena de 1.335 anos de prisão. Outros dez foram condenados, respectivamente, a 958, 880, 745, 739, 739, 702, 639, 543, 530 e 463 anos de encarceramento.

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Entre os crimes cometidos entre 2014 e 2022 estão o assassinato de um estudante universitário, de um jogador de futebol, além de extorsão e tráfico de drogas. Segundo a Promotoria, os condenados mantinham bases em diferentes regiões da província de La Libertad, usadas para planejar ações criminosas.

O grupo também extorquia comerciantes locais, exigindo quantias variadas de dinheiro, muitas vezes sem recorrer à violência direta, acrescentou o órgão.

Samuel Ramírez, líder de um movimento de familiares de detidos que afirmam ser inocentes, disse à AFP que concorda que “a lei deve ser aplicada aos criminosos”, mas questiona se os processos têm ocorrido com o devido respeito às garantias legais.

— Lamentavelmente, até o momento não há transparência nos processos judiciais em El Salvador — afirmou. Para ele, as penas elevadas fazem parte de “uma estratégia populista de marketing” em favor de Bukele.

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A campanha do presidente reduziu os homicídios a níveis históricos, mas organizações de direitos humanos criticam a política, denunciando abusos das forças de segurança. Desde 2022, ao menos 454 salvadorenhos morreram sob custódia do Estado, segundo entidades de vítimas.

Apesar das críticas, outros governos da região já anunciaram que pretendem adotar iniciativas semelhantes. Recentemente, Bukele se comprometeu a compartilhar sua experiência com o presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves, que enfrenta aumento da criminalidade e planeja construir um presídio nos moldes do megacomplexo penitenciário salvadorenho Cecot, símbolo da ofensiva contra as gangues.