Discreto, Admar Lopes colhe frutos de janela certeira e trabalho de curto prazo no Vasco

 

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Dono de um perfil discreto, de respostas curtas, mas honestas, e aparições feitas apenas quando estritamente necessário: este é o diretor executivo Admar Lopes desde que foi apresentado pelo Vasco, no dia 18 de junho. O profissional português é o principal nome das decisões do futebol desde então e liderou a janela de transferências que mudou a perspectiva do clube nesta temporada: da luta contra o rebaixamento à vice-liderança do returno e à briga por uma vaga na Libertadores.

A tarefa de Admar nunca foi fácil. O dirigente chegou cerca de um mês depois de Fernando Diniz. Com um trabalho de treinador em andamento — que pediu que seus titulares não fossem negociados —, poucos recursos financeiros, elenco curto, renovações importantes em aberto e duas janelas de transferências (de três) já esgotadas, ele tinha o período de 10 de julho a 2 de setembro, a terceira janela, como bala única no mercado para mudar o Vasco. Já na chegada, diagnosticou:

— Acho que o elenco é um pouco desequilibrado em algumas funções. Pode faltar um ou outro perfil, mas sei que o Diniz quer jogadores que cheguem e ajudem de forma inequívoca. [...] Trazer por trazer não faz sentido nem para ele nem para nós.

Dali para cá, pouco a pouco, os movimentos importantes foram feitos. No dia 4 de julho, o Vasco anunciou a permanência em definitivo de Philippe Coutinho, um processo que contou também com participação importante do presidente Pedrinho. Seis dias depois, o clube comunicou a renovação de contrato com o goleiro Léo Jardim, um processo que vinha travado há meses. Jardim já havia trabalhado anteriormente com o diretor no Lille-FRA.

Léo Jardim foi uma das renovações do Vasco sob a gestão de Admar Lopes

Dikran Sahagian/Vasco

— Tenho um passado profissional com ele, mantivemos uma relação de amizade, é alguém com quem pontualmente eu me comunicava, e foi uma das primeiras pessoas a me parabenizar quando aceitei esse desafio no Vasco — revelou, também em sua apresentação.

Seis anúncios

De 14 de julho a 1º de setembro, o clube anunciou seis jogadores: os volantes Thiago Mendes e Barros (após antecipação do fim do empréstimo ao América-MG), o atacante Andrés Gómez, o zagueiro Robert Renan, o meia Matheus França e o zagueiro Carlos Cuesta. Ainda tentou um terceiro defensor na janela, com Nathan Silva como alvo principal, mas não houve tempo.

Cuesta e Admar Lopes na apresentação do zagueiro

Matheus Lima/Vasco

Desses seis nomes, cinco já estão entre os titulares ou no grupo dos reservas frequentemente utilizados. Mendes, em processo de adaptação e atrapalhado por lesões recentes, ainda não conseguiu seu espaço.

As negociações exigiram viagens, habilidade nos negócios e, principalmente, persistência do diretor. Cuesta e Robert Renan, por exemplo, dupla de zaga que impressiona pela solidez, chegaram por empréstimos com opções de compra — assim como Gómez. Em todas as conversas, os clubes de origem fizeram jogo duro.

Outro dilema no trabalho do Vasco era a folha salarial, que precisava ser diminuída. Aos poucos, Admar e companhia têm conseguido. Loide Agusto (Rizespor) e Sforza (Juventude), pouco aproveitados, foram emprestados. Alex Teixeira rescindiu no início de setembro. A venda de João Victor ao CSKA Moscou, por cerca de R$ 31 milhões, não era prevista inicialmente, mas ajudou também no alívio financeiro. Uma saída mais dolorosa para o clube, embora essencial para o caixa, foi a venda do jovem Luiz Gustavo ao Bahia, por cerca de R$ 32 milhões.

Agora, Admar já começa a esboçar 2026, com pautas como a possível permanência de Puma Rodríguez (com contrato até o fim do ano) e o futuro de Rayan na mesa. Certamente, sob uma pressão menor que a desses intensos primeiros quatro meses de trabalho.