Derrite sugeriu a Tarcísio mandar policiais ao Rio para fazer patrulhamento de rotina
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), sugeriu ontem ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) que oferecesse parte do efetivo policial do estado para realizar patrulhamento de rotina no Rio de Janeiro, em meio à crise de segurança deflagrada por uma megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão.
A declaração foi dada em Brasília, depois de anunciar a intenção de pedir licença do cargo no início de novembro para relatar um projeto de lei que classifica grupos criminosos como terroristas.
— O que falei para o governador é que, creio eu, os esforços para contenção dessa crise em áreas deflagradas e ocupadas vão acontecer por parte das forças estaduais do Rio de Janeiro. Eventualmente se houver necessidade do apoio das forças de segurança para patrulhamento em outras áreas, para que não haja prejuízo da atividade policial, isso pode ser feito — afirmou o secretário.
Derrite, contudo, não soube dizer se o plano teria ido para frente na conversa de mais cedo entre Tarcísio e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), em que teria prestado solidariedade:
— Creio que o governador Tarcísio possa ter oferecido esse apoio, mas essa é uma questão que está sendo decidida entre eles. O que eu garanti a ele é que voluntários do estado de São Paulo não faltarão caso seja necessário — completou ele.
Tarcísio também participou de uma reunião de governadores de direita em que o assunto foi tratado. Estiveram presentes Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás), Jorginho Mello (Santa Catarina) e Mauro Mendes (Mato Grosso). Um novo encontro deve ocorrer nesta quinta.
Derrite não atendeu aos pedidos do GLOBO para detalhar a viabilidade do plano e o encaminhamento pelo chefe. Indagado sobre a existência de um plano operacional concreto, o "número dois" da pasta, delegado Osvaldo Nico Gonçalves, limitou-se a dizer, próximo ao meio-dia, que "ainda não".
A reportagem pediu um posicionamento oficial do governo do estado e aguarda retorno.
A megaoperação policial realizada nesta terça-feira, 28, na Zona Norte do Rio de Janeiro, resultou em ao menos 119 mortos e 113 presos, tornando-se a ação mais letal da história do estado e do país. O recorde anterior era do massacre do Carandiru, em 1992.
