Derrite deixará definitivamente cargo no governo de São Paulo em 1º de dezembro

 

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O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), vai deixar definitivamente a pasta no dia 1° de dezembro, após um evento da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), divisão da Policia Militar onde ele fez carreira antes de entrar para a política. Derrite retornará à Câmara dos Deputados — onde, como parlamentar, relatou recentemente o PL Antifacção — e deverá concorrer ao Senado nas próximas eleições.

A saída de Derrite da pasta já era dada como certa, mas a data ainda não estava definida. A informação foi confirmada ao GLOBO por quatro fontes ligadas à segurança paulista ou diretamente ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Procurado, o secretário não respondeu.

Uma das fontes afirmou que a ideia de Derrite é "sair por cima", após sua atuação no PL Antifacção, cuja tramitação começou com críticas pelas sucessivas mudanças de texto, mas terminou com a aprovação do texto relatado pelo parlamentar.

Com a exoneração de Derrite, dois nomes despontam como possíveis sucessores para comandar a Secretaria de Segurança Pública: o secretário-executivo da SSP, Osvaldo Nico Gonçalves, e o secretário da Administração Penitenciária, Marcello Streifinger.

Nos bastidores, Nico, como é conhecido, é visto como o favorito de Derrite e ocupou interinamente a pasta durante a ausência do parlamentar, na tramitação do PL Antifacção. Ao mesmo tempo, o atual chefe do sistema penitenciário teria maior preferência do governador.

Três anos na SSP

Durante o período em que esteve à frente da secretaria, Derrite enfrentou uma série de polêmicas e uma disparada da letalidade policial. Em 2022, último ano do mandato de João Doria e Rodrigo Garcia, foram registradas 421 mortes em decorrência de intervenção policial no estado. O número aumentou para 504 no primeiro ano de governo Tarcísio/Derrite e 813 no ano passado, influenciado por operações como Escudo e Verão, no litoral paulista.

Ao mesmo tempo, o secretário e o governador foram pressionados por uma série de flagrantes de abuso no uso da força. Entre os casos mais ruidosos está a morte do menino Ryan, de 4 anos, durante uma perseguição em Santos, além do vídeo que mostra um soldado da PM jogando um motoboy do alto de uma ponte, mesmo sem sinal de resistência à abordagem.

Derrite e Tarcísio defendem a administração sob o argumento de que indicadores criminais estão em queda e de que a “produtividade policial” aumentou. Fazem referência à quantidade de homicídios, latrocínios e lesão corporal seguida de morte, crimes violentos que tiveram queda de 11,4% entre 2022 e 2024. Outro dado divulgado com frequência é o número de prisões efetuadas, que passou de 146 mil para 166 mil no período.

Entre os crimes violentos sem mortes, as tentativas de homicídio aumentaram 2,1%, as lesões corporais dolosas, 15,9%, e os estupros, 10,1%. Houve queda nos crimes contra o patrimônio, com menos 20,8% de roubos e 1,4% de furtos. Estelionatos tiveram alta de 31,1%, com a profusão de golpes digitais, diz o Anuário de Segurança Pública.