De Silvinei Vasques a Ramagem e Zambelli: aliados de Bolsonaro recorrem à fuga para driblar decisões judiciais

 

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A prisão do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, nesta sexta-feira, ao tentar deixar o país pelo Aeroporto de Assunção, no Paraguai, se somou a uma sequência de tentativas de fuga protagonizadas por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro diante do avanço das investigações e condenações.

Vasques foi detido após romper a tornozeleira eletrônica e tentar embarcar para El Salvador com um passaporte cujos dados não correspondiam à sua identificação. A tentativa ocorreu apenas dez dias depois de ele ter sido condenado a 24 anos e seis meses de prisão por participação na trama golpista.

O episódio se soma a casos recentes envolvendo figuras do bolsonarismo. O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos mesmo proibido judicialmente de viajar ao exterior, após ser condenado por tentativa de golpe de Estado. Diante da saída do país, o ministro Alexandre de Moraes determinou sua prisão preventiva. Atualmente, Ramagem está em Orlando, na Flórida.

Antes dele, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil após ser condenada a dez anos de prisão por falsidade ideológica e invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em junho, acabou presa na Itália, após ser incluída na lista vermelha da Interpol, e aguarda extradição.

No entorno familiar do ex-presidente, a movimentação também entrou no radar das investigações. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está nos Estados Unidos desde fevereiro e, em reiteradas ocasiões, não chegou a ser intimado em apurações em curso no Brasil. A permanência no exterior e a dificuldade de notificação formal passaram a constar em registros processuais.

Atualmente, ele é réu no STF por coação, por ter tentado articular sanções à autoridades brasileiras durante sua estadia no exterior.

Os três parlamentares foram cassados pela Câmara dos Deputados em dezembro deste ano.

8 de janeiro

Além de políticos com mandato, investigados e condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro recorreram a rotas alternativas para deixar o país, sobretudo por vias terrestres e fluviais, com destino a países vizinhos, especialmente a Argentina. Os deslocamentos resultaram em pedidos de extradição e reforçaram a avaliação, entre investigadores, de que a evasão passou a integrar o repertório de reação ao avanço das decisões judiciais.

Em decisões recentes, Alexandre de Moraes tem citado o risco de evasão para justificar prisões preventivas e o endurecimento de medidas cautelares, mencionando casos de saída do país, violação de tornozeleiras eletrônicas e tentativas de frustração do cumprimento de ordens judiciais.

“O modus operandi da organização criminosa condenada pelo Supremo Tribunal Federal, liderada por Jair Messias Bolsonaro, indica a possibilidade de planejamento e execução de fugas para os Estados Unidos, onde se encontra o filho do custodiado, Eduardo Bolsonaro, como feito pelo réu Alexandre Ramagem, inclusive com a ajuda de terceiros", disse o ministro em decisão do último dia 19, quando negou o retorno à domiciliar.

Somado a isso, o próprio ex-presidente tentou soldar sua tornozeleira eletrônica quando estava em domiciliar. Moraes afirma que houve uma tentativa de fuga, mas a defesa de Bolsonaro alega que o momento ocorreu durante um surto.