
De onde veio? Objeto espacial cai na Argentina e mobiliza autoridades; entenda

Moradores de Campo Rossi, na área de Puerto Tirol, no Chaco, foram surpreendidos na tarde desta quinta-feira (25) ao encontrarem um objeto metálico cilíndrico incrustado no solo de uma propriedade privada, aparentemente caído do céu.
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Segundo o jornal local Diario Norte, o proprietário do imóvel, Ramón Ricardo González, autorizou a entrada de policiais da Delegacia de Puerto Tirol, que confirmaram a presença do objeto e iniciaram sua análise. O Corpo de Bombeiros Metropolitano também interveio para descartar qualquer risco de explosão e, em seguida, isolou o local, permitindo o acesso apenas a técnicos especializados.
Mistério esclarecido
Embora inicialmente não se soubesse a origem do artefato, os vizinhos especulavam sobre a possibilidade de ser parte de um foguete da SpaceX, empresa de Elon Musk. A Sede da Polícia de Chaco, no entanto, confirmou que se trata de uma cápsula de tanque de combustível de foguete, conforme publicado nesta sexta-feira pelo Diario Chaco. Seu formato cilíndrico remete a componentes usados em sistemas de propulsão ou tanques de combustível de veículos espaciais.
As autoridades informaram que a peça é feita de fibra de carbono e pode liberar poeira tóxica ao toque. Este tipo de tanque transporta hidrazina, um combustível altamente nocivo à saúde. Por precaução, a área foi isolada e o público orientado a não se aproximar ou tocar em objetos desconhecidos que possam ter restos semelhantes.
Paralelamente, uma comissão especializada da Força Aérea deve chegar à província nesta sexta-feira (26) para remover o objeto espacial com segurança.
Lixo espacial e riscos futuros
Embora não haja registros anteriores de lixo espacial na região norte da Argentina, especialistas alertam que detritos orbitais representam um perigo crescente, afetando cidades e países. Caso não sejam controlados, podem gerar problemas sérios para futuras gerações e dificultar o acesso ao espaço, chegando, em casos extremos, a torná-lo inviável.
O Southwest Research Institute (SwRI) desenvolveu um sistema para detecção e caracterização de micrometeoroides e detritos orbitais, permitindo monitorar impactos em satélites e espaçonaves. “A maioria das naves sobrevive a impactos menores sem que os sistemas entrem em colapso ou que operadores na Terra percebam”, afirmou Sidney Chocron, cientista do SwRI e responsável pelo desenvolvimento do sistema. “Nosso dispositivo envia dados críticos antes que os danos sejam visíveis, influenciando decisões de projeto futuras.”
O Chaco também abriga o sítio arqueológico Campo del Cielo, no extremo oeste da província, próximo à fronteira com Santiago del Estero, onde uma chuva de meteoritos metálicos caiu há cerca de 4.000 anos. Grandes massas de ferro foram encontradas no solo e estão expostas em um terreno nos arredores da cidade de Gancedo. Duas delas estão entre os três maiores meteoritos ferrosos conhecidos até hoje.
Em 2016, um meteorito de mais de 30 toneladas foi descoberto em Campo del Cielo, surpreendendo astrônomos com seu peso. Mario Vesconi, presidente da Associação Astronômica do Chaco, destacou: “Embora saibamos o que buscamos em nossas pesquisas, o que impressiona é seu tamanho e massa.”