De mãos na cabeça ao choro, as reações da torcida do Flamengo nas ruas: ‘Não sei como não infartei’, ‘quero o Gabigol de volta’

 

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A mais de 11 mil quilômetros de distância do Estádio Ahmed Bin Ali, em Al Rayyan, no Catar, rubro-negros se reuniram na tarde desta quarta-feira para acompanhar à final entre Flamengo e Paris Saint-Germain pela Copa Intercontinental (como é chamado o bom e velho mundial de clubes) no Rio de Janeiro. No Baixo Gávea, na Zona Sul carioca, tradicional reduto de flamenguistas, o público disputou as TVs disponíveis para conseguir assistir ao jogo, que foi da festa ao choro.

Além da reunião em torno dos bares, onde, ao contrário do Catar, não há restrições à água que passarinho não bebe, até uma banca de jornal banca de jornal na esquina das ruas José Roberto Macedo Soares e dos Oitis, ao lado da Praça Santos Dumont, reunia seu público. Até faixas de bicampeão mundial chegaram a ser vendidas a R$30, antes mesmo de o jogo começar.

Faixas de campeão à venda antes do jogo entre Flamengo e PSG

Marcelo Theobald

— A galera costuma comprar (a faixa) só depois que ganha, mas tem uns que não, por superstição — diz o vendedor ambulante Luís Adriano da Silva, flamenguista, que garantia que o adereço antecipado não dava azar.

Gol anulado do PSG, Jorginho convertendo e resultado nos pênaltis

Mas suas vendas não contaram com a ajuda da bola rolando. Tudo começou com um susto, que virou festa (como se o Fla tivesse aberto o placar) com o gol anulado de Fabian Ruiz. Gritos de incentivo, com cânticos — como o “Vamos, Flamengo, vamos ser campeões” —, e palpites no que Filipe Luís e seus comandados deviam fazer, tentavam empurrar o time, mesmo que à distância.

A primeira chance do rubro negro no jogo, com um chute fraco de Pulgar, foi motivo de comemoração, que depois foi frustrada pelo gol de Kvaratskhelia, aos 38. Mas a sensação de catarse veio com o gol de empate de Jorginho, em cobrança de pênalti sofrido por Arrascaeta, já no segundo tempo, momento que teve banho de cerveja e fogos.

Rubro-negros comemoram gol de Jorginho

Marcelo Theobald

Com a chegada da prorrogação, qualquer chute para lateral ou ataque do PSG interrompido era motivo de festa, com os rubro negros sentindo que era possível levantar a taça de novo, depois de 1981. Mas a disputa de pênaltis foi cruel, com quatro cobranças desperdiçadas pelos rubro negros — acompanhadas de oração e nervosismo em volta da TV —, que viram o campeão europeu se sagrar campeão.

Integrante da torcida intitulada Flamed, formada por amigas médicas que se conhecem desde crianças, Juliane Braga foi aos prantos com as cobranças perdidas. Ao fim, ao lado das amigas, ela confessou:

— Achei que fosse ganhar na prorrogação, mas, nos pênaltis, não.

Torcedoras do Fla, Juliane e Larissa lamentam derrota do Flamengo no Intercontinental

Marcelo Theobald

Juntas, as flamenguistas costumam frequentar o Maracanã e o Baixo Gávea. Neste ano, também foram aos Estados Unidos, quando viram o Flamengo perder para o Bayer de Munique na Copa do Mundo de Clubes, no meio do ano. Mas nada se compara ao teste para cardíaco de hoje.

— Amigo, não sei como não infartei até aqui — observa a médica Letícia Huguenin, que tentou apelar até para um terço durante as cobranças.

Outra integrante da Flamed, Gabrielle Braga cornetou Pedro, que recentemente voltou de lesão.

— O Pedro era bom de pênalti, agora… quero o Gabigol de volta — observa, se declarando “apaixonada” pelo antigo ídolo.

Torcedores do Flamengo acompanharam a final nas ruas do Rio

Marcelo Theobald

O Rio de Janeiro viveu um dia de ponto facultativo decretado a partir do meio-dia pelo Governo do Estado e por prefeituras de vários municípios, como a capital. Mesmo sem ser beneficiada por ele, a inspetora de equipamentos Lais Nogueira disse que o chefe a liberou mais cedo. Acompanhando a partida, ela achou que o Flamengo teve “muito mais” chance de vencer o mundial, mais do que contra o Liverpool em 2019.

— A gente tinha time, empatou… perder no pênalti é muito pior do que perder no jogo, porque só depende do cara e do goleiro deles. Mas, mesmo assim, esse ano foi maravilhoso — observa Laís, que levou as mãos ao rosto ao fim da partida. — O Arrascaeta, que é meu ídolo, infelizmente não estava ali para bater pênalti, se não, era gol.