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Se antes o sonho do brasileiro era ir para a Disney, agora é viajar pelo Brasil. O discurso, da secretária-executiva do Ministério do Turismo, Ana Carla Lopes, resume o aumento da demanda por destinos nacionais nos últimos anos. Um dos temas do evento “Caminhos do Brasil”, a nova dinâmica é fomentada pela promoção da imagem de cidades antes menos conhecidas, pelas restrições impostas durante a pandemia da Covid-19, pela melhoria da infraestrutura para viagens no país e pelo acréscimo de renda familiar.

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Além de Lopes, Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação e diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e Ana Carolina Dias, presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), também reforçaram a descentralização da demanda turística nos últimos anos, em um processo de “interiorização”.

Assim, além da viagem nacional ganhar relevância em relação ao turismo para o exterior, houve também a diversificação de destinos, fazendo com que opções tradicionais, como Rio, São Paulo e Salvador, ganhassem mais concorrentes. Na Pesquisa Tendências e Percepções do Turismo no Brasil, realizada em agosto pela empresa Nexus, a pedido do Ministério do Turismo, 40% dos entrevistados responderam que viajaram a turismo no Brasil pelo menos uma vez nos últimos dois anos. Enquanto isso, só 1% viajou para países estrangeiros.

Nordeste à frente

Seis em cada dez brasileiros mantiveram ou aumentaram a frequência de viagens desde 2023, aponta o levantamento, e para 70% da população a qualidade do turismo nacional manteve-se ou melhorou nos últimos anos. São Paulo, Rio e Bahia ainda lideram o ranking de destinos preferidos dos brasileiros por estados, mas por pouca vantagem. Considerando as regiões, o Nordeste (41%) aparece no topo da preferência, seguido por Sudeste (35%) e Sul (15%).

As três experiências turísticas preferidas entre os brasileiros são o turismo de sol e praia (para 62%), turismo religioso/espiritual (18%) e turismo cultural/histórico (14%). A pesquisa também perguntou sobre o interesse em destinos nacionais: Fernando de Noronha (PE) recebeu a avaliação mais positiva, seguido de Porto de Galinhas (PE) e Lençóis Maranhenses (MA).

Ana Carolina Dias explica que hoje o turista nacional, ao procurar uma agência de viagem, pede experiências diferentes em comparação ao que acontecia há poucas décadas, quando Rio e São Paulo concentravam o público.

— A gente pode dizer que aconteceu uma descentralização da demanda, por um agrupamento de interesses. Antigamente, quem estava estruturado para receber o turista eram as capitais, e quem tinha renda melhor fazia a viagem internacional — disse a presidente do conselho da Abav, que destacou melhoria recente da infraestrutura em cidades menores.

Outro fator importante para essa dinâmica foi a pandemia, quando fronteiras estrangeiras permaneceram fechadas por muitos meses, o que acabou indiretamente fomentando o turismo nacional.

— Então virou a história do brasileiro conhecendo o Brasil. Novos destinos foram agregados, e se desenvolvendo junto com o turismo. Praticamente todas as praias do Nordeste aumentaram as visitantes. No Sul também há novos destinos capacitados, com pousadas e restaurantes — celebrou Dias.

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Divulgação

A forma de viver a viagem também vem se alterando, destaca ela. Assim como já acontecia em maior escala entre turistas internacionais, ela explicou que os brasileiros querem viver a real experiência da base comunitária.

— É querer vivenciar a culinária, conhecer como as pessoas vivem, viver o que acontece nas cidades — descreveu. — O Brasil é o único país que tem a Amazônia, os Lençóis Maranhenses, a catarata do Iguaçu, um Pantanal maravilhoso. Temos belezas naturais que você não acha mais em outro país, e é essa experiência que as pessoas estão buscando.

Além de ter seis biomas, que continuam como nossos “principais chamarizes”, frisou a secretária-executiva do Ministério do Turismo, o Brasil oferece diversidade de experiências turísticas, o que também favorece a ampliação do público.

— Não é só mais o pôr do sol e o mar. As pessoas também estão procurando a cultura, o patrimônio histórico das cidades — afirmou Lopes.

A representante do Ministério do Turismo comemorou resultados de pesquisas internas recentes:

— Pela primeira vez em muitos anos a gente sonha mais em viajar dentro do Brasil. Porque antes qual era o sonho? Ir para Disney. Agora não.

O projeto “Caminhos do Brasil” é uma iniciativa dos jornais O GLOBO e Valor e da Rádio CBN, com patrocínio do Sistema Comércio, através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações.

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