
Crítica Deu Match: apesar do potencial, filme é genérico e sem profundidade

Histórias sobre a ascensão de nomes da tecnologia e de empresas do Vale do Silício não são uma novidade em Hollywood. Do aclamado A Rede Social (2010) ao recente BlackBerry (2023), há um filão de tramas cinematográficas que se debruçaram sobre esse universo. Deu Match: A Rainha de Apps de Namoro: tudo sobre filme da criadora do Bumble 10 filmes sobre redes sociais e apps de namoro Deu Match: A Rainha de Apps de Namoro (tradução péssima feita no Brasil para o título Swiped) chegou ao Disney+ nesta sexta-feira (19) como mais um filme do gênero, mas que conta com um diferencial: uma protagonista mulher, algo bastante incomum em uma indústria dominada de forma esmagadora por homens. Inspirado na história de Whitney Wolfe Herd – a mais jovem bilionária do mundo, ex-VP de marketing do Tinder e fundadora e CEO do Bumble –, o filme tem nessa peculiaridade, assim como nos altos e baixos da carreira da empresária, uma das principais iscas para sua história. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- O problema é que, infelizmente, apesar de ter algo diferente a dizer, Deu Match nunca chega lá. O longa-metragem dirigido por Rachel Lee Goldenberg (Unpregnant) soa muito raso nas questões feministas que tenta debater, nunca de fato se aprofundando em nenhuma delas. O mesmo pode-se dizer da trajetória de Wolfe, que soa muito corrida na segunda metade do filme e está nitidamente mais preocupada em emplacar uma história inspiradora do que retratar seus acontecimentos. A história de uma mulher e de um aplicativo Estrelada por Lily James, que contra todos os problemas de roteiro está ótima no papel e visivelmente entregue à personagem, Deu Match tem início em 2012 quando Whitney, uma universitária recém-formada, busca fundos para colocar de pé um aplicativo que conecte voluntários a orfanatos. É em um desses eventos de tecnologia que a jovem conhece Sean Red, CEO de uma startup com alguns projetos bastante promissores na área. Além do Cardify, um aplicativo de pontos de fidelidade e recompensa, sua incubadora também é a responsável pelo Match Box, um app de encontro online rebatizado pela protagonista de Tinder quando ela começa a trabalhar como diretora de marketing da empresa. Apesar de problemas no roteiro, Lily James faz um ótimo trabalho como a protagonista de Deu Match (Imagem: Divulgação/Hulu) Conforme se envolve mais com o trabalho, o típico modelo de escritório descontraído que fez sucesso nos anos 2010 (com direito a mesa de pingue pongue, escorregador e funcionários andando de patinete pelo prédio), Whitney passa a fazer um trabalho crucial de expansão do projeto, tornando-se uma das principais divulgadoras do Tinder nas universidades dos Estados Unidos. Um envolvimento com o mundo da tecnologia que a faz também fechar os olhos para o ambiente muitas vezes machista, branco e elitista da área, ora mais ou menos escancarado. Conforme cresce na empresa e o Tinder se torna um fenômeno global, Whitney passa, no entanto, a sentir na própria pele as questões para as quais muitas vezes fez vista grossa. Rechaçada por seus companheiros, especialmente depois de viver um romance com alguém do escritório, a jovem empreendedora tem de lidar com uma campanha de ódio online e uma vontade de seguir por um caminho diferente do que vinha trilhando até então. Um potencial desperdiçado Com elementos que poderiam ser melhor aprofundados, a história de superação de Deu Match acaba soando rasa nos problemas que apresenta para o público, não conseguindo provocar grandes emoções ou reflexões no espectador apesar de haverem motivos realmente impactantes para que isso acontecesse. Após sair do Tinder, Whitney funda o Bumble (Imagem: Divulgação/Hulu) A trajetória profissional de Whitney – que eventualmente processou o Tinder por assédio sexual e discriminação, e fundou seu próprio aplicativo de relacionamento em que só as mulheres podem iniciar a conversa – fica vaga mesmo para um filme de quase 2h de duração. Sem saber exatamente a que veio – um longa-metragem biográfico, uma lição de moral inspiradora ou uma discussão sobre o machismo no mundo da tecnologia – o filme passa rápido por todas essas questões, chegando a soar deliberadamente forçado e caricato em alguns momentos. Uma pena, vale ressaltar, dado o material tão intenso e que realmente parecia ter algo a mostrar de sua história. Para quem ficou curioso, Deu Match: A Rainha de Apps de Namoro está disponível no Disney+. Leia também: Crítica A Rede Antissocial | Filme não deixa ninguém tirar os olhos da tela Os 10 melhores documentários sobre redes sociais Golpista do Tinder? Bumble explica foco nas mulheres para evitar casos parecidos Leia a matéria no Canaltech.