CPI do Crime Organizado: senadores querem ouvir líderes do PCC, diretor da Abin e presidente do Coaf
A CPI do Crime Organizado, recém-instalada no Senado e presidida pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), começou a semana com uma enxurrada de requerimentos de convocação e convite a autoridades, governadores e especialistas. Entre os pedidos apresentados estão o de ouvir lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC), o diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e o presidente do Coaf, Ricardo Saadi.
Os requerimentos são de autorias de senadores de direita e de esquerda e precisam ser pautados e aprovados para terem efeito. Na terça-feira, outros requerimentos de autoria do relator, Alessandro Vieira (MDB-SE), já foram aprovados. Vieira pretende elaborar um “mapa das facções criminosas” no país, com base em informações prestadas por órgãos de inteligência e segurança pública.
Entre os novos requerimentos estão os que pedem a convocação de detentos apontados como integrantes da cúpula do PCC, apresentados pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES). A lista inclui:
Alejandro Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha, considerado interlocutor do PCC com o Comando Vermelho;
Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, apontado como braço direito de Marcola;
Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, preso em 2020 em Moçambique, suspeito de comandar o tráfico internacional de drogas da facção.
Do Val também propôs a oitiva de Roberto Augusto Leme da Silva, apontado pelo Ministério Público como responsável por um esquema bilionário de lavagem de dinheiro do PCC no setor de combustíveis.
Entre os pedidos assinados pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA) estão convites a:
Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Abin, para detalhar ações de inteligência no combate ao crime organizado;
Ricardo Saadi, presidente do Coaf, para explicar o rastreamento de movimentações financeiras de facções;
Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, para relatar as operações de repressão;
Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça, para esclarecer a atuação do governo federal na área de segurança pública.
Esses requerimentos ampliam a frente de apuração da CPI, que busca avaliar a coordenação entre os órgãos de investigação e inteligência e as falhas orçamentárias apontadas por Vieira em seu plano de trabalho.
O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) protocolou pedidos para ouvir os governadores Cláudio Castro (PL-RJ) e Ronaldo Caiado (União-GO). No caso do Rio de Janeiro, o requerimento cita a operação policial que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, pedindo esclarecimentos sobre a atuação das forças de segurança e eventuais ligações de agentes públicos com milícias.
A ofensiva de requerimentos ocorre num momento em que o governo tenta controlar o rumo da CPI, após a vitória na disputa pela presidência do colegiado.
Apesar disso, a oposição promete usar as convocações para pressionar o Planalto — especialmente após as declarações de Lula, que chamou de “matança” a operação policial no Rio.
Nos bastidores, aliados de Contarato afirmam que o objetivo é evitar que a comissão se transforme em palanque político, enquanto o relator Alessandro Vieira defende “serenidade e rigor técnico” nas oitivas.
