Corrêa do Lago diz que teve 'diálogo construtivo' com os Munduruku, após protesto

 

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Após o protesto em frente à entrada principal do complexo que sedia a COP30 nesta manhã, o presidente da COP30, André Correa do Lago, e as ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas) se reuniram com representantes da etnia Munduruku. Corrêa do Lago considerou o diálogo "construtivo" e Marina disse que a manifestação foi "legítima". As autoridades ouviram os indígenas e esclareceram o status dos projetos alvos do protesto.

— Eles vieram de longe, um longo caminho para serem ouvidos. Então, nós os trouxemos aqui para ter um diálogo. Foi um diálogo muito construtivo, muito positivo. Eles têm preocupações muito fortes e muito legítimas e nos transmitiram dois documentos que recebemos formalmente e que vamos procurar levar adiante todas as preocupações que eles têm — disse o presidente da COP30.

Corrêa do Lago afirmou que buscou esclarecer que a COP30 "é um exercício que favorece os indígenas, que fortalece as consultas aos povos indígenas e que, portanto, é uma conferência que deve ser apoiada".

O protesto, pacífico, ocorreu de manhã e envolveu 90 indígenas da etnia Munduruku. Os indígenas afirmam que o governo federal estaria avançando com projetos de infraestrutura que ameaçam o território Munduruku e outros povos da bacia dos rios Tapajós e Xingu.

Eles pedem revogação do decreto 12.600/2025, que institui o Plano Nacional de Hidrovias e elege os rios Tapajós, Madeira e Tocantins como eixos prioritários para a navegação de cargas. Também querem mais agilidade na demarcação das terras indígenas e manifestaram sua contrariedade com os projetos de crédito de carbono e mecanismos de REDD+ jurisdicional em debate na conferência.

A ministra Marina disse que o grupo pediu esclarecimento sobre os processos demarcatórios dos dois territórios Munduruku: os territórios Saure-Maibã e Saure-Bapin.

Segundo ela, a demarcação do território Saure-Maibã já foi assinada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, no ano passado e agora está com a Funai, que já está contratando uma empresa para fazer o processo da demarcação física.

Com relação ao território Saure-Bapin, Marina disse que a demarcação está no pacote de terras para as quais haverá uma portaria declaratória, de modo que os processos avancem.

— É legítimo esse manifesto do povo Munduruku (...) Vamos seguir providenciando para que a gente avance nesses processos até o final ainda deste ano — afirmou Marina.