Coreia do Sul põe fim à criação de ursos para extração de bile após sofrer críticas por décadas 

 

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A Coreia do Sul vai pôr fim oficialmente a uma de suas práticas mais polêmicas: a criação de ursos para a extração de bile, utilizada na medicina tradicional e criticada internacionalmente por ser cruel com os animais. Conforme anunciado pelo Ministério do Clima, Energia e Meio Ambiente, a partir de 1º de janeiro, serão proibidas a criação, a posse e a extração de bile desses animais. Embora tenha ocorrido avanço, aproximadamente 200 ursos ainda permanecem em jaulas, devido à falta de acordo sobre compensações financeiras para os criadores e à ausência de santuários apropriados para receber os animais resgatados. 

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A nova lei estabelece punições severas para quem não a cumprir, com penas que podem atingir até cinco anos de prisão. A medida faz parte da revisão da legislação de proteção aos direitos dos animais e marca um passo decisivo para o fim de uma indústria que encolheu nas últimas décadas, mas nunca deixou de gerar polêmica. 

A extração de bile dos ursos, principalmente de ursos-negros-asiáticos, conhecidos como “ursos-da-lua”, ainda é permitida na Coreia do Sul, um dos poucos países que ainda o fazem. A substância é empregada na medicina tradicional e como alimento, ao qual se atribui a capacidade de aumentar a vitalidade. Entretanto, nos últimos 20 anos, a prática tem diminuído em popularidade devido a questionamentos científicos sobre seus benefícios, à disponibilidade de opções mais econômicas e ao crescimento da conscientização sobre maus-tratos. 

O banimento é fruto de um amplo acordo 

O banimento integra um acordo firmado em 2022 entre governo, criadores e organizações de defesa dos animais, que previa o fim definitivo da atividade a partir de 2026. Pelo acerto, entidades de proteção animal ficam responsáveis por comprar os ursos das fazendas, enquanto o governo deve garantir locais adequados para abrigá-los. 

Neste ano, 21 ursos já foram retirados das fazendas e levados para um santuário estatal na província de Jeolla do Sul. Ainda assim, 199 animais permanecem em 11 propriedades espalhadas pelo país. Segundo autoridades e ativistas, o principal entrave agora é o valor das indenizações exigidas pelos criadores para entregar os ursos. 

O Ministério do Meio Ambiente informou que os produtores terão um período de carência de seis meses, mas serão punidos se continuarem extraindo bile. O governo também prometeu apoio financeiro para custear a manutenção dos animais até que sejam transferidos. 

“Esse plano reflete a decisão do país de melhorar o bem-estar dos animais silvestres e cumprir responsabilidades internacionais. Vamos proteger todos os ursos”, afirmou o ministro Kim Sung-whan, em nota oficial. 

Criadores insatisfeitos  

Já por parte dos criadores, há insatisfação. Kim Kwang-soo, que mantém 78 ursos na cidade de Dangjin, afirmou que muitos produtores venderam seus animais a preços baixos por dificuldades financeiras. “É uma política muito ruim, mas vou cumprir a lei”, disse ele, que é dirigente de uma associação de criadores. 

A criação de ursos começou nos anos 1980, com a importação de animais da Malásia e de outros países do Sudeste Asiático. Em 2014, cerca de mil ursos viviam em fazendas no país. Desde então, o número caiu após programas de esterilização, mortes naturais e o fechamento gradual das propriedades. 

Organizações de proteção animal felizes 

Organizações de proteção animal celebraram o término da prática, porém alertaram sobre a falta de infraestrutura. O santuário de Jeolla do Sul abriga até 49 ursos, quantidade considerada elevada por ativistas. A inauguração de um segundo centro, que estava prevista para este ano, foi adiada para 2027 devido a enchentes que afetaram a região. 

“É um avanço importante, mas ainda faltam medidas concretas para garantir uma vida digna a esses animais”, afirmou Cheon Jin-kyung, da Korea Animal Rights Advocates. Já a ONG Humane World for Animals defende maior envolvimento do governo e apoio a santuários privados para retirar, sem demora, os últimos ursos do cativeiro e devolver a esses animais uma vida de paz e relativa liberdade nos ambientes naturais.