
Contrato de cantora criada por IA com gravadora causa um caos de direito autoral

A indústria musical está passando por uma transformação com a chegada de artistas totalmente gerados por inteligência artificial (IA). O caso recente da cantora virtual Xania Monet, cujo corpo musical e visual são produzidos por IA, mas cujas letras são obra de Telisha “Nikki” Jones, expõe um dilema jurídico e comercial que desafia as regras de copyright tradicionais. Saiba quem está por trás da Tocanna, boneca criada com IA que é um fenômeno POP Músicas geradas por IA invadem plataformas de streaming e levantam debate Xania Monet já supera 1 milhão de streams no Spotify e 100 mil visualizações em Reels no Instagram. Embora sua presença digital e suas músicas sejam geradas por IA, as letras são escritas por Jones, uma letrista baseada no Mississippi. Recentemente, a gravadora Hallwood Media assinou um contrato com Jones, supostamente envolvendo um valor de US$ 3 milhões, para explorar o projeto comercialmente. No entanto, a questão que se impõe é: o que a gravadora realmente está comprando? Enquanto os elementos humanos, como letras, podem ser protegidos por copyright, a composição musical completa e os vocais gerados por IA podem não ter qualquer proteção legal. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Direitos autorais e IA: um território incerto View this post on Instagram A post shared by Xania Monet (@xania_monet) Especialistas em copyright alertam que obras totalmente geradas por IA não podem ser registradas para proteção de direitos autorais nos Estados Unidos. Segundo o US Copyright Office, apenas elementos criados por seres humanos podem ser protegidos. Ou seja, mesmo que Xania Monet seja um sucesso de público, a música em si não possui copyright se foi produzida integralmente por ferramentas como o gerador musical Suno. Isso coloca Hallwood Media em uma situação delicada. Sem proteção legal, qualquer pessoa poderia reproduzir ou comercializar as músicas da artista virtual sem consequências jurídicas. A gravadora estaria, na prática, comprando um produto cujo principal ativo não tem proteção contra cópia, dependendo apenas das letras humanas para garantir direitos autorais. IA x autotune O uso de IA na criação musical é frequentemente comparado ao autotune. Entretanto, o autotune apenas modifica a voz de um artista humano, enquanto a IA cria música e vocais inteiramente novos a partir de um banco de dados de obras existentes. A preocupação legal surge principalmente porque essas ferramentas de IA podem ser treinadas com material protegido por direitos autorais sem autorização. Leia também: Spotify vai informar quando uma música foi criada com IA Sua banda favorita é uma IA? Descubra como diferenciar músicas criadas por bots VÍDEO | A IA vai SUBSTITUIR os MÉDICOS? Leia a matéria no Canaltech.