Compreensão do sistema TRI no Enem 2025 é fator decisivo para bom desempenho na prova; entenda

 

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E lá se vão 16 anos desde que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) passou a adotar a Teoria de Resposta ao Item como sistema de correção. De lá pra cá, o método — também conhecido pela sigla TRI — costuma embaralhar, ano sim, ano também, os miolos de candidatos à prova. Não à toa, há cada vez mais escolas que elaboram orientações específicas sobre o tema, tratando-o quase como uma disciplina obrigatória de estudo. Longe de ser exagero. Especialistas ouvidos pelo GLOBO consideram que a boa compreensão da metodologia pode ser um fator decisivo para a garantia de uma vaga numa universidade federal.

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Em resumo, a TRI funciona com base num conjunto de modelos matemáticos com o intuito de manter em equilíbrio "a probabilidade de o participante responder corretamente a uma questão, seu conhecimento na área em que está sendo avaliado e as características (parâmetros) dos itens", como explica o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela realização do Enem. O sistema é adotado devido ao elevado número de inscritos no exame, com o objetivo de criar um critério mais apurado para a distinção dos resultados entre os concorrentes.

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Na prática, a nota final de cada candidato é calculada a partir de seu padrão de acertos em comparação ao desempenho médio nacional. Isso significa que se o estudante resolver uma questão considerada difícil e, ao mesmo tempo, errar várias de nível fácil, o modelo pode interpretar o acerto como um "chute", o que reduz, então, sua pontuação. Por outro lado, se o aluno supera a média de acertos do país, sua nota tende a subir.

— Elementos como a consistência e a coerência em relação aos itens acertados ganham importância significativa — avalia Francisco Moreira Júnior, professor de História e líder pedagógico da Plataforma Amplia, patrocinador, junto ao Elite, do Projeto Enem, canal do GLOBO com conteúdos especiais sobre a prova. — Através desta maior complexidade na correção, pretende-se estabelecer um mecanismo de análise que identifique respostas aleatórias e puna o popular "chute".

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Em razão do modelo complexo de correção, não é possível que um candidato calcule sozinho a sua nota após o exame. Embora alguns simuladores on-line — entre os quais uma ferramenta desenvolvida pelo GLOBO — consigam uma estimativa, a nota só é conhecida após a liberação pelo Inep.

— Através do critério de coerência individual nas respostas, os candidatos são classificados com maior ou menor nota ainda que tenham acertado o mesmo número de questões. Dois supostos candidatos que acertaram 20 questões são diferenciados pela coerência apresentada. Quando o primeiro deles acerta dez questões difíceis, cinco médias e cinco fáceis, demonstra menor coerência em relação ao segundo, que acertou dez questões fáceis, sete questões médias e apenas três difíceis — exemplifica o professor Francisco Moreira Júnior. — Compreende-se aqui que o suposto primeiro candidato acertou aleatoriamente parte das suas respostas e, dessa forma, merece uma nota menor que a do segundo suposto candidato.

Olho no relógio

A orientação unânime entre professores é para que os alunos evitem, ao máximo, o "chute". Mas... O que não se deve fazer, de maneira alguma, é deixar respostas em branco. Mesmo com uma performance "incoerente" na prova — ao acertar questões mais difíceis e errar questões fáceis —, os candidatos recebem uma pontuação, ainda que com valor menor. Na dúvida entre duas alternativas, recomenda-se calma e releituras constantes do enunciado.

— Para ter mais segurança, é fundamental que os alunos voltem ao comando da questão e vejam o que de fato está sendo pedido, avaliando qual das opções melhor se encaixa como resposta. Há opções, por exemplo, que estão corretas, mas que não respondem ao enunciado. Uma releitura atenta do item pode ajudar a eliminar a dúvida — aconselha Lucas Vieira, gerente pedagógico do Ensino Médio e do pré-vestibular do Elite, parceiro da plataforma Amplia.

Estudante em sala de aula durante preparação para o Enem

Guito Moreto/Agência O Globo

O profissional também lembra que os candidatos devem manter o olho no relógio ao longo de toda prova. Ficou em dúvida numa questão? Pule para a próxima e retorne a ela depois, como indicam todos os professores ouvidos pelo GLOBO.

— O tempo é um dos maiores desafios do Enem. A estratégia recomendada é: 1) pule a questão se estiver em dúvida por mais de dois minutos; 2) resolva primeiro as questões fáceis e médias, pois elas garantem pontos com base na coerência da TRI; 3) volte às difíceis no final, com mais tranquilidade — observa o professor Rodrigo Reis, do Cubo Global School. — Tudo isso ajuda a manter o padrão de coerência que a TRI valoriza e evita que o aluno perca tempo com itens mais difíceis, o que pode levá-lo a ter que chutar as questões mais fáceis.