Complexo Penitenciário onde Anderson Torres está preso já abrigou Marcola, Dirceu e Valdemar; veja nomes

 

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Ex-ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, Anderson Torres começou ontem a cumprir pena no 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, conhecido como "Papudinha". O local fica dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, que já abrigou nomes como Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), o petista José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Torres foi condenado a 24 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e, nesta-terça, foi detido após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, reconhecer o trânsito em julgado da ação penal e esgotar a possibilidade de recursos.

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Em 2023, Anderson Torres já havia sido levado ao batalhão após ter sido preso, quando retornou ao Brasil depois dos atos golpistas de 8 de janeiro. O ex-ministro, que também é delegado da Polícia Federal, ficou quatro meses detido preventivamente.

A Papudinha é uma área reservada que recebe principalmente policiais militares presos. Foram levados para lá, por exemplo, os integrantes da antiga cúpula da PM-DF, que são suspeitos de omissão durante do 8 de janeiro.

Inaugurada em 16 de janeiro de 1979, a Papuda é o maior complexo prisional do Distrito Federal. Hoje, conta com cinco unidades que reúnem detentos em regimes fechado, semiaberto e provisório. Apesar de sua capacidade oficial de 8.073 presos, o número atual de internos chega a cerca de 14 mil, de acordo com dados da Secretaria de Administração Penitenciária do DF.

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Arte O GLOBO

Quem já ficou preso na Papuda?

Líder do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, já passou pela Papuda em algumas oportunidades. Em 2023, ele estava na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO) quando voltou ao local pela última vez, por determinação do então ministro da Justiça, Flávio Dino, devido a um suposto plano de fuga. Atualmente, ele está na Penitenciária Federal de Brasília, uma das cinco unidades federais de segurança máxima do Brasil.

O bicheiro Carlinhos Cachoeira também ficou preso no local em 2012, acusado de chefiar exploração ilegal de caça-níqueis, e deixou o local em novembro do mesmo ano. O ex-ativista italiano Cesare Battisti, considerado culpado pelo assassinato de quatro pessoas e condenado à prisão perpétua pela Justiça da Itália, também foi para a Papuda em 2004, onde ficou até 2011.

Entre os presos mais célebres do complexo também estão figuras centrais do escândalo do Mensalão, como José Dirceu e José Genoíno. Dirceu foi condenado a sete anos e 11 meses por corrupção ativa e, a partir de 2013, passou 11 meses em regime fechado na Papuda antes de obter o direito ao regime domiciliar. Dirceu voltou ao presídio em 2015, após nova condenação por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa devido ao escândalo do Petrolão.

Seu correligionário José Genoíno, também condenado no processo do Mensalão, teve prisão decretada em 2013 e chegou a ser levado para a Papuda. Mas, por determinação do então do ministro do STF Joaquim Barbosa, ganhou o direito de cumprir prisão domiciliar temporária. Durante o período em que ficou na Papuda, o ex-deputado passou mal e foi levado para um hospital particular. O próprio ministro Barbosa determinou que ele voltasse para a Papuda em 2014. No fim daquele ano, o STF extinguiu a pena de José Genoíno, com base no indulto natalino decretado pela então presidente Dilma Rousseff.

O presidente do partido de Jair Bolsonaro, Valdemar Costa Neto (PL), ficou na Papuda em 2014, também condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no Mensalão. Outro nome de peso político que ficou no local foi o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (de paletó), o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares (de cinza) e o ex-deputado Valdemar Costa Neto (de azul) juntos na Papuda em 2014

André Coelho / Agência O Globo

Outro nome que marcou a história do presídio é o de Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo e ex-deputado-federal, condenado por lavagem de dinheiro e também enviado à Papuda após decisão judicial. Foi condenado ainda em 2018 por falsidade ideológica eleitoral, levado ao Complexo Penitenciário onde ficaria preso em uma ala especial destinada a idosos em 2017, mas desde abril de 2018 foi transferido para prisão domiciliar, e cumpriu a pena até maio de 2023, quando teve suas condenações extintas com base nos critérios do indulto natalino assinado pelo então presidente Bolsonaro.

O ex-ministro do governo Michel Temer, Geddel Vieira Lima, envolvido em escândalos de corrupção e preso após a descoberta de um apartamento com malas de dinheiro em Salvador, também passou pelo complexo. Em 2018 ele chegou a ser levado para cela "solitária" na Papuda após atrito com um agente penitenciário. Em 2019 ele foi transferido para uma prisão em Salvador.

Quem já ficou preso na Papudinha?

Quem também ficou detido no 19º BPM foi Benedito Domingos, vice-governador no DF entre 1999 e 2002, no governo de Joaquim Roriz. Ele passou cerca de seis meses no local em 2016, após ser condenado por corrupção passiva e fraude em licitações, pelo período que foi administrador de Taguatinga, região administrativa do DF. Depois, foi autorizado a ir para a prisão domiciliar, por problemas de saúde.

Outra autoridade do Distrito Federal levada para a "Papudinha" foi Francisco Araújo, então secretário de Saúde afastado. Araújo foi preso preventivamente em 2020 por suspeitas de irregularidades em compra de testes para Covid-19. Depois, foi solto. Em 2023, o ex-secretário foi absolvido das acusações.