Como os torcedores do Flamengo fazem para 'molhar o bico' no Catar durante a Copa Intercontinental?

 

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Os torcedores acostumados a frequentar os jogos do Flamengo no Rio conhecem de cor e salteado o ritual desse dia, que invariavelmente é acompanhado por uma boa quantidade de copos de cerveja, dentro e fora do Maracanã, antes, durante e depois que a bola rola. Mas tudo pode mudar bruscamente quando se decide dar uma volta ao mundo para acompanhar o time em países com cultura bem diferente.

É o caso de quem está em Doha para acompanhar a Copa Intercontinental, que o rubro-negro decide hoje contra o Paris Saint-Germain — às 14h (de Brasília), no estádio Ahmad bin Ali. Por conta da religião islâmica, o Catar proíbe com rigor o consumo de álcool em locais públicos — pessoas bêbadas podem ser multadas e até presas. No interior e no estorno dos estádios, a venda de bebidas é vetada, regra que não foi alterada nem durante a Copa do Mundo de 2022.

Isso quer dizer que os rubro-negros não estão consumindo álcool neste momento no Oriente Médio? Não é bem assim. Até porque não-muçulmanos maiores de 21 anos estão liberados para beber em locais autorizados.

Uma pesquisa bem feita em Doha revela pontos de reunião que vão de bares em coberturas de prédios comerciais até clubes e restaurantes instalados em hotéis. A regra é a discrição. O Belgian Café, estabelecimento na região de West Bay que funciona como a concentração oficial de rubro-negros na cidade, é um desses locais.

Mas, como nem tudo é fácil, beber no Catar exige boa “coçada” no bolso. Uma tulipa de chope ou uma simples long neck pode sair entre 45 e 55 riais catarenses, o que dá até R$ 80 na cotação atual. Quanto mais goles, mais “ressaca”.

— Para ver o jogo com álcool, é mais complicado, porque no estádio eles não deixam. Mas no pré-jogo e no pós-jogo, existe. O brasileiro dá um jeito de encontrar uma cervejinha para festejar as vitórias. É aquela coisa da caça ao tesouro. Alguns hotéis oferecem, a um preço meio “salgado”... — conta o trader esportivo Sérgio Moraes, que acompanhou todos os jogos do Flamengo no Intercontinental e dá uma dica: — Tem que dar “bicada”. Não dá para sair virando o copo.

Sérgio Moraes e Gerson Souto, amigos e torcedores do Flamengo que dão um jeito de beber no Catar

Davi Ferreira

Promoções também são possíveis de serem encontradas. Um bar em um hotel na cidade vende um chopp por 25 riais catarenses (cerca de R$ 37) para grupos grandes que chegarem para consumir. É com isto que o engenheiro Gerson Souto espera se deparar. Amigo de Sérgio, ele chegou a Doha na madrugada de segunda para terça e irá assistir à final.

— Estou colando no Sérgio porque ele já está experiente aqui, está há uma semana aqui, já conhece tudo aqui — brinca Gerson. — Tem esses hotéis que a galera já se organiza para se encontrar e fazer o pré-jogo. Eles são autorizados, então esse é o caminho. Aí no pós, a gente não pode medir. Vai ser em função do resultado, que a gente espera ser a vitória. Aí a gente paga depois. Já vai ter que pagar a vinda toda, né — completa o engenheiro.

E claro, as restrições durante o jogo só valem para quem vai ao estádio. Para os que ficam nos bares, e só se cuidar — da saúde e do bolso.