Com participação inédita, atletas paralímpicos abrem caminho no Intercolegial
Esta edição do Intercolegial também marcou um momento histórico ao incluir pela primeira vez uma categoria inclusiva, voltada para alunos com deficiência. A iniciativa trouxe competições paralímpicas de judô e badminton e abriu as portas para que, além da consolidação da categoria nos jogos, outros atletas, escolas e instituições se somem à iniciativa.
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Segundo Diego Souza, coordenador de Projetos Especiais do GLOBO, a estreia das modalidades paralímpicas representou um passo significativo. Mas para a edição do ano que vem, adianta, o Intercolegial pretende ampliar esse movimento, incorporando versões paralímpicas em modalidades que já fazem parte do evento, como natação, atletismo, vôlei e futebol.
— A participação desses atletas trouxe momentos emocionantes e reforçou a importância da inclusão no esporte escolar. A ideia é oferecer oportunidades a um número maior de atletas e fortalecer a diversidade dentro da competição — afirmou.
No badminton, o destaque foi para a atleta federada Sofia Grangeiro (SL4, categoria para atletas com transtorno do movimento de baixo grau), do Colégio Pedro II. Além de vencer a categoria sub-18 feminino não federado, Sofia representou o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos de Jovens, no Chile, em outubro passado.
— O desafio foi conter o nervosismo e trabalhar. Eu estudo no Pedro II, sempre quis representar a escola no badminton. A professora me chamou e já tínhamos uma meta. O Inter teve essa importância única para que eu pudesse representar minha escola. Infelizmente, foi meu primeiro e último Intercolegial, pela idade, mas planejo continuar profissionalmente nesse esporte — contou a atleta de 18 anos, que já acumula 22 medalhas na carreira, logo após sua participação no Intercolegial.
A preparação de Sofia foi conduzida pelo treinador Sebastião Dias de Oliveira, responsável pela equipe de badminton do Pedro II e fundador do Centro de Treinamento de Badminton Miratus, criado em 1998 na comunidade da Chacrinha, na Tijuca. O projeto já revelou Ygor Coelho, seu filho e primeiro atleta brasileiro a disputar badminton em duas edições olímpicas.
Outro destaque na mesma modalidade foi Isaac Nascimento, de 12 anos, estudante do Centro Educacional Torres Filho, em São Gonçalo. Atleta da categoria SH6 (para pessoas com baixa estatura), ele comemorou a chance de abrir caminho para mais pessoas com deficiência na competição.
— Espero que outros alunos paralímpicos possam participar do Intercolegial como eu. Seria muito legal — disse.
No judô, seis jovens atletas do projeto Ippon nos Obstáculos, desenvolvido pela ONG Urece Esporte e Cultura, de Nova Iguaçu, em parceria com a Shell, participaram das lutas. Diferentemente dos Jogos Paralímpicos, que limitam a modalidade a atletas com deficiência visual, o Intercolegial abriu espaço para competidores com autismo, deficiência intelectual, síndrome de Down e baixa visão. Todos os participantes receberam medalhas.
A professora Stephanie dos Santos Miranda, uma das diretoras do projeto Ippon nos Obstáculos, explicou que a ONG atende exclusivamente crianças e adolescentes de até 18 anos com deficiência, oferecendo modalidades como golbol, futebol e judô.
— Essa participação deu visibilidade e motivação aos alunos. Existem competições apenas para alunos com deficiência, mas ainda são poucas. Então, ver que eventos como este estão começando a olhar para esses atletas ajuda muito — afirmou.
