Com investimento milionário, Porto Futuro II é o legado cultural da COP

 

Fonte:


Você chega, se senta, recebe uma caixa com calçado aleatório, calça, ajeita o fone de ouvido e sai andando ouvindo o dono do sapato (sandália ou chinelo) contar sua história. Demora dez minutos a experiência imersiva embalada de instalação do novo Museu da Empatia, sensação do Armazém 5 do novo Porto Futuro II, em Belém — espécie de extensão da Estação das Docas, à beira da do Rio Guamá.

Inspirado no Empathy Museum de Londres (que desde 2015 já coletou mais de 400 histórias em 14 países), o espaço é uma das opções culturais do complexo, que também é forte em gastronomia, para dar aquele chega para lá no cansaço das conferências da COP30 e ainda sair mais empático com o mundo.

— A instalação propõe uma experiência pessoal que estimula a empatia e o entendimento de questões da sociedade contemporânea, favorecendo uma mudança de mentalidade rumo a uma cultura mais justa, solidária e sustentável — conta uma americana, depois de abandonar a comitiva do governador da Califórnia para calçar as sandálias da “humildade”.

No Museu da Empatia, o visitante calça sapatos e ouve a história dos "donos" do calçado

Bruno Calixto

Com produção da agência Intercultura de São Paulo, foram coletadas histórias inéditas de moradores da Amazônia. São homens e mulheres de comunidades indígenas, ribeirinhas, quilombolas, rurais e urbanas. Também do acervo do Empathy Museum vieram histórias de pessoas que vivem de forma especial a relação com a natureza. O projeto do museu é da Zee Arquitetura.

É de graça, mas acaba com a COP 30.

O Porto Futuro, investimento de R$ 270 milhões com recuros públicos e privados, é a grande aposta cultural, gastronômica e de convivência durante a COP30. Voltado para o Rio Guajará, a novidade fica no bairro do Reduto, ocupando uma área de 50 mil m², totalmente revitalizada. É dos legados da COP para a cidade.

Assim como o espaço Caixa Cultural, já presente em outros estados do Brasil, dedicado a exposições, galerias de arte, teatro e iniciativas culturais. A Caixa Cultural de Belém é a primeira da região Norte.

Também com entrada gratuita, o equipamento cultural abriu com as exposições “Espíritos da Floresta”, do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU), e “Paisagens em Suspensão”, ambas integradas ao circuito oficial da COP 30.

Destaque para as obras inéditas do MAHKU, que evocam os guardiões da memória ancestral da floresta. A curadoria é da crítica de arte afro-indígena Aline Ambrósio, que mescla pinturas, esculturas, videoinstalações e grafismos “para questionar a fronteira entre cultura e natureza, ressaltando o protagonismo indígena na arte contemporânea”.

Museu das Amazônias, em Belém

Bruno Calixto

Há ainda o Museu das Amazônias — outro legado da Cúpula do Clima — que foi inaugurado com uma exposição de fotos de Sebastião Salgado, o fotógrafo da floresta. É a primeira vez que a Região Norte tem a chance de contemplar as 200 imagens em preto e branco que o premiado profissional das lentes fez em sete anos de expedições pela Amazônia.

A preservação da floresta e a importância das comunidades originárias. São os pontos de encontro da mostra — também idealizada por sua mulher, Lélia Wanick —, que já viajou por Paris, Londres e São Paulo. A foto obrigatória, no entanto, é diante do globo de LED assinado por Roberta Carvalho, a “Simbiosfera”, que simboliza a centralidade da Amazônia no imaginário mundial. A entrada é 0800, basta garantir o ingresso no Sympla.