Clubes brasileiros se unem em prol do meio ambiente, e manifesto será entregue na COP30

 

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Às vésperas da COP30, o futebol brasileiro envia uma mensagem aos líderes mundiais: é hora de agir para proteger o jogo mais popular do planeta e o próprio planeta. O Terra FC, movimento global que usa o esporte como plataforma de mobilização climática, ganha força com clubes, atletas e torcedores unidos em torno de uma causa comum: fazer do esporte uma voz ativa no enfrentamento da crise climática.

Nesta terça-feira, o estádio do Fluminense, nas Laranjeiras, vai receber grandes nomes do futebol nacional como Mauro Silva, Ricardo Rocha, Edilson, Edmilson, Pretinha e Roseli para um amistoso com a presença de músicos, influenciadores e representantes de clubes, que marcará a apresentação do Manifesto do Futebol pelo Planeta, documento que será levado ao encontro mundial em Belém, neste mês.

— Vamos coletar mais assinaturas e levar essa mensagem do futebol às lideranças brasileiras e a outros países — diz Laura Novaes, diretora de campanhas do Terra FC.

O Terra FC nasceu com proposta de transformar o futebol em um novo canal de comunicação sobre o clima.

— Não existe veículo, empresa, ONG ou partido que mobilize tantas pessoas quanto o futebol. É uma força capaz de inspirar mudanças reais — explica Laura. — Queremos ampliar a consciência sem ser eco chatos, falando de maneira leve, prática e esperançosa.

Desde o EcoFut, encontro realizado no Morumbis, em São Paulo, a campanha vem reunindo clubes de todo o país para trocar experiências e adotar práticas sustentáveis — da instalação de painéis solares à gestão de resíduos, passando pela comunicação com torcidas e comunidades. Em outubro, ela foi lançada durante o clássico paraense entre Remo e Paysandu, o Repa, com a união dos mascotes rivais.

Exemplos de iniciativas dos clubes já se multiplicam: o Botafogo reaproveita os mosaicos feitos por torcedores, o Corinthians mantém o “Corredor Corintiano”, grupo que planta árvores nas periferias, o Internacional criou parcerias com cooperativas de reciclagem e ambulantes que vendem comida ao redor do Beira-Rio.

O alerta é urgente. Um estudo conduzido pela consultoria ERM a pedido do Terra FC mostra que 78% dos clubes das Séries A, B e C estão em municípios com alto risco de eventos climáticos extremos nas próximas décadas. O calor excessivo já altera horários de jogos, afeta o desempenho dos atletas e reduz a presença de torcedores — com reflexos diretos na receita dos clubes. Enchentes e queimadas, por sua vez, já forçaram o adiamento de partidas e causaram prejuízos estruturais. As perdas econômicas podem chegar a R$ 70 bilhões em 25 anos, segundo o relatório.

—Estamos falando de resiliência, de pensar como os clubes podem lidar com enchentes, alagamentos, ondas de calor e escassez de água. São impactos que já afetam treinos, jogos e toda a cadeia econômica do futebol — afirma Laura, citando casos como os temporais de Porto Alegre no ano passado e as interrupções de jogos do Mundial de Clubes, nos Estados Unidos, em virtude dos raios.

Iniciativa para a Copa

O Terra FC também articula com clubes, federações e poder público para colocar a sustentabilidade no centro da construção da Copa do Mundo Feminina de 2027. Estudos mostram, segundo Laura, que as mulheres costumam ser mais engajadas no assunto.

— Nesse momento que o futebol feminino cresce em popularidade, pode ser um olhar muito poderoso para comunicar a questão climática. Mas nossa campanha busca acolher todo mundo, sem apontar dedos — conta Laura.