Clã Barbalho se fortalece após a COP30, enquanto Sabino tenta se cacifar ao Senado pelo Pará

 

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Na esteira dos legados da COP30, os investimentos públicos e as novas obras inauguradas em Belém fortaleceram nomes da política paraense. Assim, a família Barbalho, que hoje tem representantes no Ministério do governo Lula, no Senado e na Câmara dos Deputados, além do próprio governador, traça seus planos para aumentar o poder nas eleições de 2026. Outro nome que se projetou com a conferência internacional, o ministro do Turismo, Celso Sabino, tenta se equilibrar entre o desejo de concorrer ao Senado e os planos dos Barbalho, que lhe ofereceram vaga no MDB para disputar a reeleição para deputado federal.

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Segundo pesquisa AtlasIntel realizada há um mês, durante a COP, 72,6% dos paraenses afirmaram que a conferência deixará um legado positivo para a população. Obras como os novos parques, pavimentações, aberturas de vias e as macrodrenagens na cidade receberam ampla aprovação local. Após vislumbrar o posto de vice na chapa de Lula à reeleição — um sonho que não foi totalmente descartado, dizem aliados —, o governador Helder Barbalho (MDB) assumiu sua candidatura ao Senado, enquanto seu irmão Jader Barbalho Filho, ministro das Cidades, vai concorrer à Câmara.

Elcione Barbalho (MDB), mãe dos dois e atual deputada federal, deve se lançar a deputada estadual. E Helder ocuparia no Senado a vaga do próprio pai, Jader Barbalho, que, dentro desse plano, se aposentaria da política. Em 2026, será escolhido um segundo senador, e os Barbalho apoiam o nome do deputado estadual Chicão Melo (MDB), presidente da Assembleia Legislativa do Pará.

Nesse xadrez político, resta acomodar Celso Sabino, que apoia a gestão estadual de Helder Barbalho. Atual titular do Turismo, ele demonstrou lealdade a Lula após recusar a determinação do União Brasil de desembarcar do governo e foi um dos políticos mais presentes no Parque da Cidade, sede da COP30. Na semana passada, foi concluído seu processo de expulsão do União, e seu futuro partidário depende da vaga à qual ele concorrerá no ano que vem.

Seu desejo assumido é tentar o Senado. Mas a família Barbalho tenta convencê-lo a aceitar o plano de ser candidato a deputado federal — mandato do qual está licenciado — pelo próprio MDB. Procurado, o ministro afirmou que há, “neste momento, zero chance” de concorrer à Câmara.

— Nossa prioridade é a reeleição do presidente Lula. Depois disso é formar uma bancada no Senado que traga tranquilidade aos projetos do governo e à democracia. Identificamos que há espaço para perfis mais dinâmicos, jovens, engajados e ao mesmo tempo com experiência de gestão — disse Sabino.

A definição de sua próxima legenda, respondeu, depende da garantia de apoio à reeleição de Lula e da “certeza” de que será candidato a senador. Assim, um dos destinos possíveis, não confirmado por Sabino, é o PSB, partido de Dr. Daniel Santos, prefeito de Ananindeua, cidade na região metropolitana de Belém, e principal adversário político dos Barbalho.

Dr. Daniel é pré-candidato ao governo do estado e desponta como principal adversário da favorita Hana Ghassan, vice de Helder e definida como candidata à sucessão. Do lado bolsonarista, o deputado federal Eder Mauro (PL) figura como o nome mais forte em pesquisas eleitorais. Mas há dúvidas se ele realmente vai se lançar sob risco de ficar sem mandato.

Três candidaturas

A opção pelo PSB garantiria a Sabino a manutenção de apoio a Lula, enquanto tenta seu voo solo no Pará. Nessa hipótese, seriam três candidaturas relevantes ao Senado aliadas ao governo federal: Helder, Chicão Melo e Celso Sabino.

Já o diretório estadual do PT decidiu, no início de dezembro, que vai manter sua aliança com Helder e abrir mão de uma candidatura própria ao Senado — o partido já conta com o senador Beto Faro (PT), que mantém seu mandato por mais uma legislatura. Além disso o partido de Lula tenta emplacar o deputado estadual Dirceu Ten Caten como vice da chapa ao governo.

Beto Faro, presidente do diretório estadual do PT, está confiante na dobradinha com Hanna no governo:

— Não tem como o PT não estar na chapa majoritária, inclusive para facilitar entendimentos na questão do Senado e para que, no seu quarto mandato, Lula possa ter todos os senadores do Pará com ele. Nossa aliança com o governo Helder segue.

Uma alteração no cenário posto seria o MDB indicar o vice na chapa de Lula. Se isso acontecer, Helder volta a ser uma alternativa, algo que havia ganhado força no início do ano, mas perdeu tração em meio à crise de hospedagem nos preparativos da COP.