Cirugia de Bolsonaro deve durar até quatro horas, e internação em hospital pode se estender por uma semana

 

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O ex-presidente Jair Bolsonaro vai ser internado nesta quarta-feira, em Brasília, para exames e preparo pré-operatório para a cirurgia de correção de uma hérnia inguinal bilateral. A internação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após perícia da Polícia Federal (PF) apontar a necessidade da intervenção médica.

O cronograma prevê que esta quarta-feira seja dedicada a exames clínicos. A cirurgia está programada para a manhã de quinta-feira, dia de Natal, e deve durar entre três e quatro horas.

Esta será a sétima operação realizada pelo ex-presidente desde 2018, quando ele foi vítima de uma facada durante a campanha na qual se elegeu presidente da República. Todas as cirurgias foram feitas em decorrência da sequela desse ferimento.

Preparo e porte da cirurgia

Antes da cirurgia, Bolsonaro passará por uma bateria de exames clínicos e laboratoriais para confirmar o diagnóstico, avaliar condições gerais de saúde e reduzir riscos durante o procedimento. Essa etapa inclui avaliações cardiológica e anestésica, além de ajustes de medicação e do preparo clínico necessário para a intervenção.

O procedimento que será realizado nesta quinta-feira é considerado mais simples do que o feito em abril, quando Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia para desobstruir parte do intestino. Na ocasião, a intervenção foi tida como de “grande porte” para descolar as chamadas “aderências” no órgão e reconstruir a parede abdominal. A cirurgia durou cerca de 12 horas.

O que é a cirurgia de hérnia inguinal bilateral

A hérnia inguinal bilateral ocorre quando parte do intestino se projeta por pontos enfraquecidos da parede abdominal na região da virilha.

A cirurgia tem como objetivo reposicionar o conteúdo abdominal e reforçar a musculatura local, reduzindo o risco de dor, complicações e novas protrusões.

O procedimento será realizado sob anestesia geral, com monitoramento contínuo das funções vitais.

Entenda o bloqueio do nervo frênico

A equipe médica avalia quando irá realizar a realização de um bloqueio anestésico do nervo frênico, procedimento que pode ser indicado para reduzir as crises de soluços persistentes apresentadas por Bolsonaro nos últimos meses.

O nervo frênico é responsável por estimular o diafragma, músculo essencial para a respiração. O bloqueio busca interromper estímulos neurológicos anormais que provocam contrações involuntárias. O momento mais adequado para essa intervenção ainda não foi definido.

O pós-operatório

Após a cirurgia, Bolsonaro passará por controle rigoroso da dor, com uso de analgesia adequada e monitoramento contínuo. A recuperação inclui sessões de fisioterapia voltadas à mobilização precoce e à melhora da função respiratória, além de medidas preventivas contra eventos trombóticos, como trombose venosa profunda.

A previsão da equipe médica é que o ex-presidente permaneça internado entre cinco e sete dias, período considerado necessário para analgesia, fisioterapia, prevenção de complicações e observação clínica, levando em conta as particularidades do caso e o histórico de cirurgias abdominais.

Autorização de Moraes

A defesa de Bolsonaro solicitou ao STF que ele fosse internado no dia 24 para exames preparatórios, com a cirurgia no dia seguinte. O pedido foi analisado por Moraes, que autorizou a internação após manifestação técnica. O ministro destacou que Bolsonaro mantém “plenas condições de tratamento de saúde” na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, unidade considerada próxima ao hospital onde será atendido.

Apesar de reconhecer a indicação médica, Moraes considerou que a cirurgia tem caráter eletivo, e não emergencial. Uma perícia da Polícia Federal apontou que a intervenção deve ocorrer “o mais breve possível”, mas sem caracterizar urgência imediata.

Bolsonaro cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão após condenação pelo STF por tentativa de golpe de Estado. Na decisão, Moraes ressaltou que a autorização para a internação não interfere na execução da pena.

O ex-presidente será acompanhado durante a internação pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A defesa havia pedido a entrada de dois de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), mas Moraes afirmou que só serão liberados mediante decisão judicial.