Caso Tainara: motorista discutiu com a vítima momentos antes de atropelamento, diz testemunha
Douglas Alves da Silva, o homem de 26 anos preso por atropelar e arrastar Tainara Souza, teve uma discussão com a vítima momentos antes de avançar com o carro contra a mulher, segundo uma testemunha. A informação foi fornecida para a Polícia Civil por Kauan Silva Bezerra, que estava no veículo no momento do atropelamento.
Kauan prestou depoimento sobre o caso. No dia do atropelamento, no último final de semana, ele e Douglas estavam juntos. Os dois se conhecem há quatro anos e saíram para um bar na Vila Maria, na Zona Norte da cidade, quando Douglas teria encontrado Tainara.
Segundo relatou Kauan, o amigo teria brigado com Tainara e, depois, Douglas chamou Kauan para que fossem embora do local. Eles entraram no veículo em que chegaram ao bar, um Golf.
Douglas teria dado uma volta pela região para voltar para a área do bar e acelerar de forma brusca, até atropelar Tainara e barbaramente puxar o freio de mão quando a mulher ficou presa embaixo do veículo. Ela teve as duas pernas amputadas e está em estado grave de saúde.
Segundo o advogado Matheus Lucena, que representa Kauan, o rapaz não presenciou o exato momento que a briga entre Douglas e Tainara começou no bar.
— É importante esclarecer que o Kauan fez tudo o que podia para impedir que o carro continuasse em movimento. Ele gritava com o Douglas e chegou a bater no painel várias vezes na tentativa de fazê-lo parar. O Douglas só reduziu a velocidade quando o Kauan disse que se jogaria do veículo. Tanto é verdade que, assim que o carro parou, o Kauan desceu imediatamente, e o Douglas voltou a fugir logo em seguida, o que demonstra que o Kauan jamais compactuou com aquela conduta — afirma o advogado Matheus Lucena, que representa Kauan.
Ele afirma que o rapaz está "profundamente abalado" pelo episódio e que o cliente tem "sofrido intensas crises de ansiedade desde então e está sob acompanhamento médico".
Douglas, ao ser encaminhado para o Fórum da Barra Funda para audiência de custódia, disse que não conhecia Tainara.
— Não conhecia, nunca nem vi na minha vida. Não briguei com ela. Não foi querendo (que a atropelei) — disse o homem.
O advogado Marcos Leal, que representa Douglas, afirmou que o cliente está arrependido.
— O Douglas disse categoricamente que nunca teve nada com ela. A motivação que foi passada é que houve uma briga no bar, ele tomou uma garrafada e essa garrafada gerou a revolta que causou essa coisa horrível. Ele está mega arrependido — diz Leal.
Ele foi preso na madrugada de domingo, em um hotel na Vila Prudente. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), ele resistiu à abordagem e avançou contra um dos agentes, o que exigiu intervenção policial.
“O indiciado foi atingido e contido, sendo encaminhado ao Hospital Estadual Vila Alpina, onde recebeu atendimento médico. Em seguida, ele foi levado à delegacia e permaneceu à disposição da Justiça”, informou a pasta.
Leal afirma, no entanto, que Douglas não recebeu o atendimento médico adequado, e ainda encontra-se com "ferimentos abertos". Na audiência de custódia, o suspeito informou para o juiz que apanhou dos policiais que o prenderam. A família do homem estaria sofrendo ameaças. O GLOBO procurou a Secretaria de Segurança Pública sobre as alegações da defesa de Douglas e aguarda retorno.
