Caso Benício: Polícia faz busca e apreensão na casa de médica investigada por morte do menino

 

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A Polícia Civil do Amazonas cumpriu, na manhã desta quinta-feira (18), um mandado de busca e apreensão na casa da médica Juliana Brasil, investigada pela morte do menino Benício Xavier, de seis anos, em Manaus.

Durante a ação, os agentes apreenderam o celular da médica, documentos e um carimbo que indicava especialidade em pediatria, apesar de ela não possuir o título oficialmente reconhecido.

Médica Juliana Brasil pode responder por falsidade ideológica ao usar carimbo de pediatria sem especialidade

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Segundo a polícia, Juliana Brasil é investigada por ter prescrito uma dose incorreta de adrenalina. A técnica de enfermagem Raiza Bentes também é alvo do inquérito, por ter aplicado o medicamento diretamente na veia da criança.

De acordo com as investigações, a médica admitiu o erro em um documento encaminhado à polícia e também em mensagens trocadas com outro profissional. A defesa, no entanto, afirma que a confissão ocorreu “no calor do momento”.

Juliana Brasil e Raiza Bentes respondem ao inquérito em liberdade, após a Justiça negar o pedido de prisão preventiva. A decisão seguiu parecer do Ministério Público do Amazonas, que também se manifestou contra a prisão das investigadas.

Médica Juliana Brasil e técnica de enfermagem Raiza Bentes são investigadas pela morte de Benício

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Apesar disso, a Justiça determinou a suspensão cautelar do exercício profissional da médica e da técnica de enfermagem. Na decisão, o juiz afirmou que manter Juliana Brasil em atendimento, especialmente de crianças, representaria risco à saúde pública.

A técnica de enfermagem teve o exercício profissional suspenso de forma cautelar no início deste mês. Já a médica pode responder pelos crimes de homicídio doloso por dolo eventual, além de falsidade ideológica e uso de documento falso. As informações foram confirmadas pelo delegado Marcelo Martins, responsável pela investigação na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).

Relembre o caso

Benício Xavier, de 6 anos, morreu em 23 de novembro, após receber aplicação incorreta de adrenalina intravenosa. O menino deu entrada no dia anterior no hospital particular Santa Júlia, em Manaus, com suspeita de laringite, e foi atendido pela médica Juliana Brasil.

Após a aplicação feita pela técnica de enfermagem Raiza Bentes, o menino teve piora súbita no quadro e foi encaminhado à UTI, onde precisou ser intubado. Benício chegou a sofrer seis paradas cardíacas e não respondeu às manobras de reanimação.

Diante do caso, a família apresentou denúncia na Polícia Civil em 25 de novembro. Em relatório do hospital enviado à polícia, a médica admite o erro. Porém, a defesa alegou que Juliana reconheceu a falha apenas no calor do momento e justificou que o sistema do hospital mudou automaticamente a prescrição.

Já a defesa de Raiza diz que a técnica de enfermagem apenas seguiu a prescrição médica ao atender o menino e não levantou questionamentos. O Conselho Regional de Farmácia do Amazonas ainda informou que não houve análise farmacêutica prévia da prescrição médica.