Capacitação e carga horária de profissionais são desafios para o futuro do turismo no Brasil
Em um cenário de mercado de trabalho aquecido e com registro recorde de visitantes internacionais, a oferta de mão de obra no setor de serviços continua a ser um dos desafios para o turismo brasileiro. Nesse contexto, a capacitação de profissionais e a flexibilização de carga horária na área de alimentação e hospedagem são alguns dos gargalos enfrentados pelo setor, como contaram autoridades e representantes do segmento que participaram do evento “Caminhos do Brasil”.
Vídeo: Homem atira com duas armas contra a ex-mulher em pastelaria de SP
Vaqueirinho: Justiça determinou há um mês internação de jovem esquizofrênico, que acabou morto por leoa antes de ser intimado
Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação e diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC), afirma que o debate sobre a flexibilização da carga horária em bares, restaurantes e hotéis será inevitável para atrair mais profissionais. Além disso, diz, o colaborador está exigindo uma condição de trabalho que lhe permita usufruir da família e do lazer:
— Existe dificuldade de conseguir mão de obra na realidade de pleno emprego e também na questão da escala 6x1. O empresariado vai ter que analisar e potencializar outras sistemáticas de contratação. Já se discute muito a flexibilização, e alguns locais já adotam essa prática.
Há ainda a necessidade de qualificação e, nesse tema, um desafio é o investimento em cursos profissionalizantes para agentes de viagens. Para Ana Carolina Dias, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), existe demanda por empregos, mas o que falta são pessoas qualificadas para preencher as vagas, sobretudo em uma conjuntura de expansão do turismo no país.
120 mil vagas criadas
De acordo com dados do Ministério do Turismo, em sete meses de 2025, foram criados mais de 120 mil empregos de carteira assinada em todo o país, alta de 9% em relação aos 110 mil postos em 2024. No entanto, a secretária-executiva da pasta, Ana Carla Lopes, defende que a qualificação da mão de obra deve também se estender aos empregos indiretos no setor:
— São pessoas que já vivem do turismo e querem se profissionalizar mais. E quando promovemos isso para quem mora na capital e no interior, contribuímos também com a autoestima dos trabalhadores.
Lopes ressalta ainda que a capacitação dos trabalhadores de turismo implica também em maior faturamento:
— Fazendo um recorte com o turista estrangeiro, para se gastar mais aqui, ele precisa se sentir melhor atendido. A profissionalização gera mais renda e ticket médio.
A profissionalização no turismo pode ser também um dos caminhos para maior conscientização ambiental na atividade:
— A gente tem que sentar à mesa e não só dizer que é um ambiente lindo. Precisamos dizer quais são as boas práticas que temos — pontua a integrante do Ministério do Turismo.
Outro aspecto discutido no evento foi o aumento de plataformas de reservas de serviços on-line, movimento percebido não só no Brasil, e o impacto desse fenômeno para as agências de viagens. Segundo a representante da Abav, embora existisse o temor de que a internet afetasse negativamente o setor, esse cenário não se concretizou.
— As legislações mudam bastante, então, o agente de viagem tem o conhecimento da carteira de vacinação necessária para o destino, do tipo de visto, do tipo de registro, da cultura do Estado ou país que será visitado, e das vestimentas e linguagem específicos — enumera Ana Carolina Dias.
Por isso, o papel dos agentes de viagem facilita o processo de planejamento dos clientes. Mesmo assim, ela alerta que os agentes de viagens devem entender que o público está mais exigente e precisam se profissionalizar:
— É necessário entender que não se pode mais ser o agente do passado.
O projeto “Caminhos do Brasil” é uma iniciativa dos jornais O GLOBO e Valor e da Rádio CBN, com patrocínio do Sistema Comércio, através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações.
