Candidato favorito à Presidência do Chile apoia indulto para violadores de direitos humanos durante a ditadura de Pinochet

 

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José Antonio Kast, o favorito para se tornar o presidente eleito do Chile no próximo domingo, disse nesta terça-feira que apoia a redução das penas para violadores de direitos humanos da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), no debate final com a esquerdista Jeannette Jara. Parlamentares de direita estão pressionando pela aprovação de um projeto de lei no Congresso para permitir que prisioneiros com doenças terminais ou com mais de 80 anos cumpram suas penas fora da prisão. Isso incluiria policiais presos por crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura.

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O candidato ultradireitista lidera as pesquisas com 55% a 60% dos votos. Embora tenha perdido a eleição de 16 de novembro para Jara, uma ativista comunista moderada que representa a coalizão de centro-esquerda, ele angariou o apoio de vários outros candidatos de direita para o segundo turno, que ocorrerá no próximo domingo.

O ex-congressista de 59 anos afirmou que alguns policiais condenados "estão justamente presos", mas se mostrou aberto à revisão de alguns casos.

— Se um jovem de 18 anos estava cumprindo seu serviço militar e fazendo a guarda (...) Que possibilidade ele tinha de saber o que estava acontecendo? Nenhuma. Acho que isso é algo que poderia ser revisto — afirmou ele. — Mas para eles [esquerda], ele é um criminoso que deve ser condenado e morrer na prisão. Acho que falta um pouco de humanidade à candidata [Jara].

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Kast é um admirador fervoroso de Pinochet, mas evitou mencionar possíveis indultos durante a campanha. Jara, por sua vez, descartou qualquer tipo de indulto em um possível governo.

A iniciativa é interpretada pelo partido governante como uma estratégia para libertar violadores dos direitos humanos.

— A extrema direita busca libertar criminosos da prisão", disse a porta-voz do governo, Camila Vallejo, a repórteres na terça-feira.

Ela afirmou que promover "a libertação de perpetradores, apenas porque são idosos (...) é ofensivo, escandaloso e aberrante".

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— Vamos torcer para que esse projeto nunca se concretize — disse.

Se Kast vencer o segundo turno das eleições em 14 de dezembro, ele se tornará o presidente mais à direita do Chile desde o fim da ditadura de Pinochet em 1990, que deixou mais de 3.200 vítimas, entre mortos e desaparecidos.