Calderano lança clube de tênis de mesa no Rio e reflete sobre conquistas: 'Minha carreira foi para outro patamar'
Uma medalha de ouro na Copa do Mundo de tênis de mesa, um vice-campeonato mundial — com direito a quebra de recorde para atletas não-europeus ou asiáticos — e, por fim, a inauguração de um clube para prática do esporte em sua cidade natal. Não faltaram conquistas para Hugo Calderano em 2025, que ele define como "sem dúvida, o melhor da minha carreira". E para coroar uma temporada vitoriosa, ele abriu as portas, nesta semana, do clube Calderano TM, em Botafogo, na zona sul do Rio, bairro onde estudou durante todo o período escolar.
O espaço conta com piso de borracha e três mesas oficiais de tênis de mesa, no formato padrão de todas as competições internacionais até 2028. O atleta fez questão de ter um espaço do mais alto padrão para a prática do esporte, já que a ideia nasceu de um desejo de conseguir passar mais tempo no Rio com a família sem deixar de lado os treinos.
— Sempre tive vontade de ter um lugar onde eu pudesse treinar com uma boa estrutura no Rio, minha cidade. Sempre que eu voltava para cá, era só para passar alguns dias de férias, não podia ficar muito tempo. A gente vinha conversando sobre essa ideia há alguns anos e finalmente se tornou realidade — comemorou Calderano. — Consegui voltar às minhas origens, para poder ficar mais perto do meu país, da minha cultura, das pessoas que eu amo. Pego bastante energia disso, e agora poder passar ainda mais tempo não só aproveitando, mas também treinando, com certeza vai ser um ponto positivo na minha preparação.
Hugo garante que o cube será "um lugar de braços abertos para todas as pessoas", desde iniciantes em busca de uma atividade física ou que queiram apenas se divertir, até atletas experientes, que sonham em se tornar jogadores profissionais. Este é mais um passo de Calderano rumo a um objetivo que ele já vem alcançando: popularizar o tênis de mesa no Brasil. Desde a campanha histórica nas Olimpíadas de Paris, em 2024, que terminou com o quarto lugar inédito para um atleta sul-americano, Hugo se tornou uma verdadeira sensação para os torcedores brasileiros.
— Quando eu volto para cá, o pessoal me conhece cada vez mais nas ruas. Fico muito feliz em ver isso acontecendo, poder inspirar jovens atletas que almejam um dia serem profissionais, viver do esporte — comentou.
Mesmo com o apoio dos novos fãs, Calderano atravessou momentos difíceis após o desempenho de Paris: ele chegou a abrir uma vantagem no primeiro set dos duelos da semifinal e da disputa pelo bronze, mas sofreu a virada e viu o sonho da medalha olímpica voltar a ser apenas um ponto no horizonte. Na época, ele desabafou sobre a frustração em um discurso emocionado, que comoveu torcedores no Brasil e no mundo.
— Passei por muitas dificuldades. Depois de Paris, fiquei com um pouco menos de motivação, sem curtir tanto jogar, treinar todos os dias. Mas consegui me manter bem resiliente, leal ao meu processo. Eu sabia que tinha que continuar firme, e que alguns dias eram mais difíceis do que outros. E felizmente os resultados vieram.
Neste ano, no entanto, ele virou totalmente a chave e reencontrou não apenas o prazer em jogar tênis de mesa, mas o caminho até o pódio. Para Calderano, muitas vezes o esporte é decidido "no detalhe", e ele atribuiu a isso como um dos elementos responsáveis pela mudança de chave para parar de bater na trave. Ele se enxergava como mais preparado “física, técnica e mentalmente” em 2024, mas foi neste ano que os resultados apareceram.
Calderano foi campeão da Copa do Mundo de Tênis de Mesa em abril, deixando para trás o chinês Lin Shidong, número 1 do mundo, em Macau. No mês seguinte, no Catar, ficou com a medalha de prata no Mundial, se tornando o primeiro atleta nascido fora da Europa ou da Ásia a disputar uma decisão.
— Tudo foi por consequência do trabalho duro que foi feito, provavelmente mais em 2024 até do que nesse ano. Esporte é muito detalhe, o principal é estar pronto para quando a oportunidade aparecer, você pegar. Consegui fazer isso muito bem em 2025. Não estava jogando o meu melhor, mas consegui capitalizar. Ganhei a Copa do Mundo, a medalha de prata no Mundial, e virou uma bola de neve, depois consegui outros títulos no circuito. Minha carreira foi para outro patamar.
Aos 29 anos, Calderano projeta uma boa longevidade no esporte no auge de sua forma física e técnica. Ele espera competir no mais alto nível no Mundial de Tênis de Mesa, que será sediado no Rio. Para ele, a escolha de sua cidade natal é mais um indicativo de que o processo de popularizar o esporte no país está em pleno andamento.
— Fiquei muito feliz. Tenho certeza que ainda vou estar no meu auge, com 33 anos, já ficando um pouco mais velho. Essa nossa iniciativa com os projetos sociais que a gente vem fazendo com a Calderano TM, fizemos a primeira edição da liga escolar de tênis de mesa neste ano... Todas essas iniciativas têm esse intuito de fomentar a prática e com certeza esse Mundial só vai ajudar esse nosso objetivo.
