Caio Bonfim e Maria Clara são os melhores atletas do ano, em eleição do COB

 

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A família Bonfim terá um Natal e um final de ano mais do que especial neste 2025. É que mãe e filho, Gianetti e Caio, foram eleitos a Melhor Técnica e o Melhor Atleta do Ano, em premiação do Comitê Olímpico do Brasil (COB). A cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico foi realizada na noite desta quinta-feira, na Cidade das Artes, no Rio. O marchador Caio é bicampeão desta premiação já que venceu no ano passado. Ele concorreu com Henrique Marques (taekwondo), Hugo Calderano (tênis de mesa) e Yago Dora (surfe). 

— Ano passado, quando ganhei, eu achei que seria o único prêmio. Então esse prêmio neste ano foi muito especial, esse ano foi um ano de muita gratidão, de várias pessoas envolvidas. Agradeço em especial meus pais e minha esposa — disse Caio, ao lembrar que o pai lhe inscreveu na primeira prova de marcha atlética, aos 10 anos numa prova — Eu sou treinado pelos dois e comecei a ser muito desqualificado nas provas. Meu pai é mais da parte física e ela se ofereceu para me treinar. E hoje ela é a melhor do ano.

No feminino, a Melhor Atleta do Ano foi Maria Clara Pacheco, campeã mundial de taekwondo (até 57kg). Ela venceu Gabi Guimarães (vôlei), Rayssa Leal (skate) e Rebeca Lima (boxe).

Caio e Maria Clara ganharam ainda os troféus de Melhores do Ano em suas respectivas modalidades.

 — Nossos natais são sempre em família, juntos e misturados. Estando felizes como nesse momento ou tristes, como em outras situações. O que sinto? Ah, é um sentimento de dever cumprido, nos sentimos honrados de representar o Brasil — comemora Gianetti, em entrevista ao GLOBO.  — Já estava escrito nas estrelas que seria assim. Eu e Caio. Essa dupla vitoriosa, mãe e filho. Na verdade, somos um trio vitorioso, filho, mãe e pai.

A seleção de ginástica rítmica foi eleita a melhor equipe do ano após as duas medalhas de prata no Mundial que ocorreu no Rio de Janeiro, em agosto. O grupo é composto por Nicole Pircio, Maria Paula Carminha, Eduarda Arakaki, Sofia Madeira e Mariana Gonçalves.

Caio Bonfim ganha ouro inédito para o Brasil na marcha atlética

Philip FONG / AFP

Gianetti refere-se ao marido e também treinador de Caio, João Sena. Este ano, Caio foi campeão mundial da marcha atlética (20 km) e medalhista de prata (35 km), no Campeonato Mundial de Tóquio, no Japão. No cenário nacional, sagrou-se campeão da Copa Brasil e do Troféu Brasil, assumindo a liderança do ranking mundial nos 20.000 metros.

Gianetti, que é advogada e foi oito vezes campeã brasileira da marcha atlética, administra o CASO (Centro de Marcha Atlética de Sobradinho), na região administrativa do Distrito Federal, ao lado do marido.

— Esse prêmio duplo para a marcha atlética é muito mais do que pedimos e sonhamos. Significa tantas coisas para a gente, como conseguimos levar essa modalidade tão linda que amamos e que nem sempre foi vista como uma modalidade que poderia estar no topo. É comemorar duplamente, triplamente, quintuplamente com todas as pessoas que estiveram a nosso lado neste ano. E é muita gente. O ano passado já foi mágico e esse agora, mais ainda. Tomara que a magia continue com a gente por muito tempo — fala Gianetti, que também comentou sobre sua premiação individual — Me sinto imensamente feliz. Eu que sou mulher e trabalho com a marcha atlética represento todas as mulheres do Brasil que, de alguma forma, têm de brigar muito mais que todo mundo para chegar onde querem.

Outro motivo de comemoração para a família é o fato de que o Campeonato Mundial de Marcha Atlética por Equipes da World Athletics em 2026 será realizado em Brasília, terra natal de Caio. As cidades de Samborondón, no Equador, e Varsóvia, capital na Polônia, também eram pretendentes.

Essa será a 31ª edição deste evento e a primeira vez que será sediado na América Latina. O fato de o Brasil voltar a ser sede da primeira grande competição mundial de atletismo no Brasil após os Jogos Olímpicos Rio 2016 demonstra a valorização dos resultados do país. 

Convidada a eleger os melhores momentos do ano, Gianetti teve dificuldade. 

— São tantos... o nascimento do meu terceiro neto, o Manoel. A gente ter trabalhado duro e vencido. Mas o que coroou mesmo, foram as duas medalhas no Mundial — disse ela. — O Caio é superatleta, brigou a vida inteira para vencer. Ele não é um atleta fora da curva, ele é a própria curva. Inteligente, estrategista, que aprende rápido. Quem tem um atleta deste nível, sempre vai contar vitórias. Então, o Caio não é só o meu filho, a minha honra é dupla. Ter um filho como esse e um atleta como esse.  Qualquer palavra que eu coloque aqui para nominar o que ele fez pelo o esporte brasileiro, pelo atletismo brasileiro, vai ser pouco. Para mim, ele é simplesmente sensacional.

Taekwondo brilha como o atletismo

O taekwondo também celebrou uma noite de gala. Além de Maria Clara, Diego Guimarães Ribeiro foi eleito o Melhor Treinador do Ano. Diego é o técnico de Henrique Marques, tetracampeão nacional e também campeão mundial em Wuxi, na China (o primeiro atleta masculino a vencer esta competição pelo Brasil).

— Me sinto muito orgulhoso de saber que o primeiro campeão mundial do taewkondo brasileiro surgiu de um projeto social que eu fundei em Porto das Caixas (Itaborái, Rio de Janeiro), que é o Henrique Marques. Minha mãe me ajudou a fundar, na garagem da minha casa. A gente conquistou vagas olímpicas treinando neste espaço — disse Ribeiro.

Neste Mundial, o Brasil obteve quatro medalhas, duas de ouro e duas medalhas de prata, terminando em terceiro lugar no quadro de medalhas, atrás apenas da Turquia e da Coreia do Sul.

Maria Clara Pacheco, que tem 1,69m de altura, posa com a medalha de ouro do Mundial da China ao lado da sul-coreana Yu-Jin Kim (prata), da chinesa Zongshi Luo (bronze) e da jordaniana Fadia Khirfan (bronze)

Divulgação/Instagram/@worldtaekwondo

— Incrível, absurdo ganhar este prêmio. Sinceramente já estava honrada de ter sido indicada porque trazer o taekwondo para este palco, para este prêmio, ser uma atleta do taekwondo indicada a melhor do ano em todas as modalidades... Fico muito feliz e com muito orgulho de estar participando dessa fase em que o taekwondo está vivendo, escrevendo uma história muito linda — comemorou Maria Clara, que se disse fã de suas concorrentes, principalmente de Rayssa. — São de alto nível, inspiradoras. Admiro todas, mas tenho carinho especial pela Rayssa que acompanho desde que ela tinha 13 anos.

Sua façanha é gigante. Maria Clara encerrou jejum de 20 anos sem títulos mundiais para o país, desde a conquista de Natália Falavigna, em 2005. Com o resultado, ela assumiu a liderança do ranking mundial e olímpico. Além do título mundial, ela também faturou o ouro no Grand Prix de Taekwondo de Muju em agosto.

E mais: quebrou sequência inédita de quatro prêmios de Melhor Atleta do Ano do COB conquistados pela ginasta Rebeca Andrade. Maria Clara ainda recuperou o título para a modalidade, que teve apenas uma premiação do tipo, com Natália Falavigna, em 2005. 

Maria Clara contou que há dois meses havia comprado uma prateleira nova para colocar os troféus e medalhas mas que "ela já encheu totalmente" e não tem mais espaço.  Garantiu que este troféu de Melhor Atleta do Ano ganhará um espaço especial.

Ela disse também que o ano de 2026 será puxado, mesmo sem uma edição de Mundial. Explicou que o ranking mundial vai ser zerado no final de maio e, em junho, as atletas começarão a pontura pela classificação olímpica. Maria Clara disputará quatro edições de Grand Prix, além do Pan-americano da modalidade. 

— Minha ambição é retomar o top 1 do ranking logo que zerar. Para me manter na zona de classificação olímpica em todo o ciclo e também pelo ego.

Mais premiações

Pela primeira vez na história do evento, a categoria "Atleta da Torcida" contemplou um representante masculino e outro feminino entre os indicados.

Os vencedores foram Gabriela Guimarães, do vôlei, e João Fonseca, do tênis. Gabi derrotou o conjunto da ginástica rítmica e a ginasta Flavinha Saraiva. E João venceu Alison do Santos, do atletismo e Hugo Calderano, do tênis de mesa.

O prêmio do COB também homenageou dois jovens talentos que brilharam nos Jogos da Juventude, em Brasília: Davi Souza de Lima, do atletismo, e Clarisse Vallim, do judô.

Davi, de 17 anos, conquistou o ouro no salto triplo, com marca impressionante (15,79m, novo recorde da competição e a melhor marca do mundo no ano até então). Com isso, assumiu a liderança do ranking mundial sub-18 da sua modalidade. Davi é filho do velocista Vicente Lenílson, medalhista em Sydney 2000 e Pequim 2008, e de Maria Aparecida de Lima, que foi triplista olímpica.

E Clarisse, de apenas 14 anos, sagrou-se campeã na categoria até 70kg, vencendo todas as suas lutas por ippon. Também foi campeã mundial cadete.

Veja os vencedores por modalidade

Águas Abertas — Ana Marcela Cunha

Atletismo — Caio Bonfim

Badminton — Juliana Viana

Basquete 3x3 — Gabriela Guimarães

Basquete 5x5 — Yago dos Santos

Beisebol — Victor Coutinho

Boxe — Rebeca Lima

Canoagem Slalom — Ana Sátila

Canoagem Velocidade — Gabriel Assunção e Jacky Godmann

Ciclismo BMX Freestyle — Gustavo de Oliveira “Bala Loka”

Ciclismo BMX Racing — Paola Reis

Ciclismo de Estrada — Tota Magalhães

Ciclismo Mountain Bike — Ulan Galinski

Ciclismo de Pista — João Vitor da Silva

Críquete — Laura Cardoso

Desportos na Neve — Lucas Pinheiro Braathen (esqui alpino)

Desportos no Gelo — Nicole Silveira (skeleton)

Escalada Esportiva — Anja Kohler

Esgrima — Isabela Carvalho

Flag Football — Karol Souza

Futebol — Marta

Ginástica Artística — Flávia Saraiva

Ginástica de Trampolim — Camilla Gomes

Ginástica Rítmica — Nicole Pircio, Maria Paula Carminha, Eduarda Arakaki, Sofia Madeira, Mariana Gonçalves

Golfe — Fred Biondi

Handebol — Bruna de Paula

Hipismo Adestramento — João Victor Oliva

Hipismo CCE — Marcio Jorge

Hipismo Saltos — Stephan Barcha

Hóquei sobre Grama — Yuri Van Der Heijden

Judô — Daniel Cargnin

Lacrosse — Titus Chapman

Levantamento de Peso — Laura Amaro

Luta Greco-Romana — Pedro Henrique Rodrigues

Luta Livre — Eduarda Batista

Nado Artístico — Gabriela Regly e Silva Abrantes Teixeira

Natação — Guilherme Caribé

Pentatlo Moderno — Jhon Xavier

Polo Aquático — João Fernandes

Remo — Beatriz Tavares

Remo Costal — David Faria de Souza

Rugby 7 — Thalia Costa

Saltos Ornamentais — Anna Lúcia dos Santos e Luana Lira

Skate — Rayssa Leal

Softbol — Mayra Sayumi Akamine

Squash — Diego Gobbi

Surfe — Yago Dora

Taekwondo — Maria Clara Pacheco

Tênis — João Fonseca

Tênis de Mesa — Hugo Calderano

Tiro com Arco — Marcus D’Almeida

Tiro Esportivo — Felipe Wu

Triatlo — Miguel Hidalgo

Vela — Mateus Isaac

Vôlei de Praia — Carol Solberg e Rebecca

Voleibol — Gabriela Guimarães