Brasileiro relata experiência com passagem do furacão Melissa na Jamaica: 'Teto do hotel desabou'; veja vídeo
Os brasileiros Daniel e Fernanda Abrahão chegaram a Montego Bay, na região sudoeste da Jamaica, na terça-feira da semana passada, dia 21 de outubro. O casal, que está hospedado num resort, tinha escolhido o isolamento por lazer e agora ele se tornou obrigatório, já que o país teve grande parte do território devastada pela passagem do furacão Melissa. Quando os dois chegaram à cidade jamaicana, o Melissa começava a se formar e ainda era apenas uma tempestade. No sábado, a situação mudou e o alerta de furacão emitido pelas autoridades mudou os planos do casal.
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Melissa tocou o solo na Jamaica no início da tarde de terça-feira como furacão de categoria 5 (a máxima), com ventos de até 298 km/h, o mais intenso que já afetou a ilha desde o início dos registros meteorológicos. Na sequência, atingiu o leste de Cuba, após perder força e ser rebaixado para categoria 3. A tempestade, agora de categoria 2, ainda é ameaçadora, com ventos sustentados de 160 km/h e força suficiente para causar mais danos. Até o momento, foram contabilizadas ao menos 30 mortes em quatro países no Caribe, sendo a maioria delas no Haiti, embora esses números ainda possam aumentar conforme as buscas por desaparecidos continuam.
Daniel contou ao GLOBO que a situação no local estava “tranquila” até sábado e os preparativos para a chegada do furacão começaram a ser executados pela equipe do hotel no domingo. A equipe do resort montou um plano de contingência e foi orientando os hóspedes conforme a situação ia se desdobrando, relatou o brasileiro.
— Não podemos reclamar da equipe do hotel. Eles foram muito eficientes, orientaram e auxiliaram a gente o tempo todo
No sábado, segundo Daniel, as equipes do hotel avisaram que o aeroporto de Montego Bay seria fechado no domingo de manhã, para caso alguém quisesse ir embora. No dia seguinte, os funcionários começaram a restringir o acesso a algumas áreas do hotel, como a piscina e alguns restaurantes. Na segunda-feira, os hóspedes foram orientados a circular no hall do hotel somente até as 22h da noite, porque os quartos deveriam ser evacuados às 6h, poucas horas antes da passagem do furacão pela região.
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Durante a evacuação, os turistas foram orientados a levarem consigo somente uma muda de roupa e itens de higiene pessoal. Eles foram direcionados para o teatro do hotel, onde fizeram suas refeições. Quando o furacão realmente atingiu a região, por volta das 14h no horário local (16h no Brasil), o acúmulo de água fez as estruturas do teto desabarem e todos tiveram que ir para o subsolo do resort — onde funciona o depósito da instalação — para esperar a tempestade passar, e só puderam retornar aos quartos no início da noite.
— Os quartos estavam todos alagados, mas nossa cama não estava molhada, então dava para dormir lá. Mas hoje de manhã ainda tinha resquício de água e o teto do meu quarto também desabou — disse Daniel.
Teto de hotel desabou durante passagem do furacão
Nem todos tiveram a mesma sorte. Segundo a rede britânica BBC, cerca de três quartos da ilha (aproximadamente 500 mil pessoas) ficaram sem energia elétrica e muitas partes da costa oeste estão submersas, com casas destruídas pelos fortes ventos. Com as comunicações paralisadas, porém, a verdadeira dimensão do desastre permanece desconhecida. Mas segundo Desmond McKenzie, ministro do Desenvolvimento Comunitário da Jamaica, a infraestrutura do país sofreu um grande impacto, ficando "severamente comprometida".
— A gente só viu realmente os impactos hoje: a piscina do hotel alagada, invadida pela água do mar, as placas de energia solar espalhadas pelo hotel, os coqueiros arrebentados e os postes caídos... — descreveu Daniel.
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Os maiores problemas para os turistas no momento são a falta de quartos para dormir, os aeroportos fechados, sem previsão de retorno a seus países de origem, e a falta de água para uso de higiene pessoal. Eles não chegaram a ficar sem internet e o hotel ficou sem energia por poucos minutos durante a passagem do Melissa, mas não há sinal de telefone, o que tem impedido o casal de entrar em contato com a companhia aérea para estudar possíveis rotas e datas de retorno ao Brasil. Daniel e Fernanda, que planejavam voltar para casa na terça-feira de manhã, foram forçados a estender seu tempo de estadia no Caribe.
O aeroporto de Montego Bay foi bastante atingido pelo furacão, teve boa parte da estrutura de embarque e desembarque de passageiros destruída e ainda não tem previsão de reabertura. O principal aeroporto do país, que fica na capital, Kingston, está a cerca de 300 quilômetros de distância de Montego Bay. A expectativa é de que ele vá reabrir amanhã para a chegada de ajuda humanitária e volte a receber voos comerciais na sexta-feira ou no sábado.
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Segundo o americano Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), a previsão é de que o furacão Melissa atravesse o sudeste ou o centro das Bahamas mais tarde durante o dia e passe perto ou a oeste de Bermudas entre a noite desta quinta-feira ou a madrugada de sexta.
