Brasil tem redução na natalidade pelo sexto ano consecutivo, revela pesquisa do IBGE

 

Fonte:


O Brasil registrou, em 2024, a sexta queda consecutiva no número de nascimentos, consolidando uma tendência de redução da natalidade observada ao longo da última década. Dados das Estatísticas do Registro Civil, divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (10), mostram que 2,37 milhões de crianças nasceram no ano e foram registradas até o primeiro trimestre de 2025, 146,3 mil a menos do que em 2023, uma retração de 5,8%. Em comparação com a média anual de nascimentos de 2015 a 2019, período anterior à pandemia, a queda chega a 17,1%.

Reclamação de passageiros: Greve de ônibus em São Paulo dificulta volta para casa

Marco Temporal: Entenda o que é e veja a linha do tempo da tese aprovada pelo Senado nesta terça, opondo STF e Congresso

O levantamento revela que diferentes bases de dados corroboram a queda expressiva. O Painel de Monitoramento de Nascidos Vivos, do Ministério da Saúde, apontou redução de 6% entre 2023 e 2024, enquanto o Portal da Transparência do Registro Civil registrou queda de 6,5% no período. Segundo o instituto, os números refletem tanto o histórico declínio da fecundidade no país quanto efeitos persistentes da pandemia de Covid-19.

A redução ocorreu em todas as regiões brasileiras, com destaque para Sudeste (-6,3%) e Norte (-6,2%). Acre (-8,7%), Rondônia (-8,6%) e Piauí (-8,2%) registraram as maiores quedas entre os estados, enquanto Paraíba (-1,9%) e Alagoas (-2,4%) tiveram reduções mais modestas. A distribuição mensal manteve o padrão histórico: mais nascimentos no primeiro semestre, com picos em março e maio, e o menor volume em novembro.

O estudo também evidencia mudanças importantes no perfil das mães brasileiras. Em 2004, mais da metade dos nascidos vivos (51,7%) eram filhos de mulheres com até 24 anos. Em 2024, esse percentual caiu para 34,6%. A fecundidade entre adolescentes e jovens, embora em queda, ainda é considerada elevada em regiões como Norte e Nordeste: 267,4 mil crianças nasceram de mães com até 19 anos no ano passado.

A participação de mães estrangeiras permanece baixa, representando 0,9% dos nascidos vivos de mulheres residentes no Brasil. Entre elas, destacam-se venezuelanas (32,4%), bolivianas (18,8%) e paraguaias (9,9%).

O IBGE também aponta avanços na cobertura do registro civil, embora desafios persistam. Em 2024, 88,5% dos nascimentos de mães residentes no país foram registrados dentro do prazo legal de 15 dias, e 98,9% até 90 dias. No Norte, porém, um em cada quatro registros ocorreu fora do prazo inicial. Onze municípios brasileiros tiveram mais de 20% dos registros realizados após 90 dias, caso de Uiramutã (RR), que liderou o índice com 30,1%.

A pesquisa mostra ainda que 34,3% dos partos ocorreram em municípios diferentes daquele de residência da mãe, sobretudo em cidades pequenas, evidenciando deslocamentos em busca de atendimento adequado. Em capitais, esse percentual é bem menor, com Vitória (11,8%), Belo Horizonte (11,0%) e Porto Velho (7,0%) entre as menores taxas.