Brasil fica fora de nota e Mercosul evita citar Venezuela e ofensiva dos EUA

 

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Mesmo em meio à ofensiva militar dos Estados Unidos no Caribe, a declaração conjunta dos países do Mercosul após a Cúpula sequer citou a situação da Venezuela. Por outro lado, os países emitiram um comunicado em que pedem a "retomada da democracia" no país vizinho.

O texto, no entanto, não contou com o aval do Brasil, que se recusou a assinar o documento. Isso porque a diplomacia brasileira queria incluir no texto a preocupação com interferências externas na região e voltar a defender que a América Latina precisa continuar sendo uma região de paz e não de guerras.

Como este ponto não era consenso entre todos os membros, o Brasil não assinou o comunicado. Por outro lado, a declaração conjunta da Cúpula, assinada por todos, não cita nem a situação da Venezuela, nem mesmo a ofensiva norte-americana no Caribe.

A cúpula ocorre num momento em que a direita avança e, agora, comanda metade dos países latino-americanos. Para o professor de direito internacional da Unicamp, Luis Renato Vedovato, a postura do Brasil foi correta ao defender a soberania da América Latina.

"O Brasil até indicou a necessidade de se inserir a violação a direitos humanos e a proteção à democracia na Venezuela. Porém, não olhar para o outro lado que a ameaça à soberania é algo muito delicado. Então, o Brasil se colocou podendo assinar desde que houvesse uma alusão à presença militar internacional no Caribe, porque ela representa uma grave ameaça à soberania dos países da região. E longe aqui de se aceitar um governo Maduro, porque, de fato, é um governo violador de direitos humanos e antidemocrático, ditatorial", analisa.

A declaração conjunta do Mercosul expressou desapontamento com a não assinatura do acordo com a União Europeia por falta de consenso político no continente europeu. Segundo o texto, a assinatura daria uma sinalização positiva ao mundo na atual conjuntura.

Os países disseram, no entanto, que estão confiantes que os europeus vão finalizar os trâmites internos e fixar uma possível data para a assinatura, o que pode ocorrer ainda em janeiro.