Belém tem movimento tímido na Cúpula dos Líderes e vive expectativa para o período oficial da COP30, a partir de segunda
A cúpula de líderes movimentou timidamente o comércio de Belém, que guarda expectativa maior para o período oficial da COP30, a partir da próxima segunda-feira. Donos de restaurantes citam investimentos em reforços de equipe e cardápios especiais, enquanto tiveram que lidar com o aumento de custo devido à demanda extraordinária.
Fundo para florestas: Veja perguntas e respostas sobre a principal aposta brasileira para a COP30
Lula: Nenhum país pode enfrentar crise climática sozinho
Símbolo paraense, o açaí, por exemplo, teve alta no preço de 52% desde janeiro, somando COP e questões de safra. Segundo o Dieese do Pará, alimentos e bebidas pressionaram a inflação da capital.
O sabor COP30 na sorveteria Cairu
Lucas Altino
Ontem e na quinta, foi decretado feriado municipal em Belém, a fim de desafogar o trânsito. Por isso, parte da população aproveitou para viajar, o que deixou algumas regiões importantes da cidade esvaziadas. A maioria dos visitantes e participantes da COP deve chegar apenas na semana que vem.
Os passeios de barco da Valverde Turismo que saem da Estação das Docas, principal ponto turístico da cidade, foram impactados. Em uma sexta-feira, o habitual é vender de 180 a 200 ingressos para cada uma das duas saídas, que dura 1h30, com direito a música ao vivo e danças típicas, explicou a funcionária Luciana Medeiros. Ontem, foram apenas 50.
— Quando tem feriado municipal, diminui aqui — disse Luciana que, por outro lado, mantém expectativa alta para o início da COP 30. — Já fechamos alguns passeios privativos e acrescentamos mais passeios na semana, para dar conta da demanda.
Muitos restaurantes, bares e setores do comércio fizeram, nos últimos meses, uma preparação especial para a Conferência do Clima. Na Panificadora Umarizal, funcionários tiveram aula de inglês, e um cardápio especial para encomenda, com arroz paraense e bolinho de piracuí, foi montado.
— Por enquanto, o movimento está normal, mas semana que vem chega mais gente. Essa região (Urizal) tem muito hotel — afirmou Salete Pimentel, a supervisora da loja.
O restaurante Zio, da Estação das Docas, mudou o cardápio e apostou na mistura de elementos regionais com pratos internacionais. Assim nasceu o filhote com risoto de parmesão, tucupi e jambu. Além disso, o restaurante contratou mais funcionários e alguns tiveram aula de inglês.
— Aqui o movimento é bem consolidado, já estão aparecendo alguns turistas, mas ainda não naquele nível esperado — respondeu o maître Alaf Brendo.
Aposta no sabor local
A sorveteria Cairu, a mais famosa da cidade, lançou o sabor COP30, que traz cupuaçu, castanha e pistache, também unindo elementos típicos e internacionais. Segundo os funcionários, já é o mais vendido.
Dono do tradicional Famiglia Sicilia, restaurante italiano, e da Gaudens Chocolate — que fica no Porto Futuro II, espaço recém-inaugurado —, Fabio Sicilia disse que o aumento de movimento é gradativo e a projeção maior é realmente a partir de segunda. Nos últimos meses, ele lembra que houve dificuldade para contratar mão de obra, devido à demanda, e conta que realizou treinamentos especiais para atendentes lidarem com as diferenças culturais.
— O garçom não pode vir por trás para servir um árabe, por exemplo, por hábito de segurança deles — explica.
Nos últimos meses, Sicilia sofreu com alta de preços, seja pela safra impactada pela seca de 2024, mas também pela demanda extraordinária. O cupuaçu aumentou 25% e o bacuri, 20%. Produtos que vêm de fora, como queijo, açúcar e manteiga, tiveram aumento expressivo. Ainda assim, ele não aumentou o preço dos chocolates e mantém a expectativa positiva.
Segundo o Dieese, houve aumento de 8,15% no grupo de alimentação e bebidas em Belém, índice acima da variação nacional (6,61%). O quadro levou o governo do Pará a firmar um acordo com rede de supermercados Atacadão, como mostrou a coluna de Míriam Leitão, no GLOBO, para adotar uma política de estabilidade de preços durante a COP.
Alguns produtos importantes, como o açaí, tiveram alta no Círio de Nazaré, há um mês, quando a cidade é tomada por turistas. Desde então, não houve aumento, mas também não houve a esperada redução anual do “pós-Círio”, dizem moradores. Superintendente do Dieese-Pará, Everson Costa diz que o litro médio do açaí está a R$18,40 no momento, 52% a mais que em outubro do ano passado:
— Tem a questão da safra, a pressão da exportação e o fator da COP30, porque todo mundo quer provar o açaí.
Initial plugin text
