Belarus liberta Prêmio Nobel da Paz e líder da oposição após os EUA aliviarem sanções
O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, determinou a libertação de 123 prisioneiros neste sábado, incluindo o ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2022 Ales Bialiatski e a importante figura da oposição Maria Kolesnikova. A medida se deu após dois dias de negociações com um enviado do presidente dos EUA, Donald Trump, segundo um comunicado emitido pela Casa Branca. Um vídeo compartilhado pela mídia bielorrussa que opera no exílio mostrou Kolesnikova, perto do que parecia ser uma passagem de fronteira, abraçando duas outras figuras da oposição que também foram libertadas, de acordo com sua equipe e as autoridades ucranianas: Viktor Babariko e Maksim Znak. Já Bialiatski, ativista dos direitos humanos, era esperado em breve em Vilnius, capital da vizinha Lituânia, de acordo com as autoridades locais.
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Uma porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos na Bielorrússia, que atualmente opera em Vilnius, disse que 123 prisioneiros, muitos dos quais haviam sido presos por seu ativismo político, foram libertados. Entre eles estavam cidadãos da Austrália, Grã-Bretanha, Lituânia, Polônia e Estados Unidos.
As autoridades ucranianas afirmaram que cinco ucranianos e 104 bielorrussos chegaram no sábado ao território ucraniano, onde foram recebidos pelo general Kyrylo Budanov, chefe da agência de inteligência militar de Kiev.
As reuniões entre Coale e Lukashenko — e a troca de prisioneiros políticos de alto perfil — representam um descongelamento lento, mas constante, das relações entre Washington e a Bielorrússia, um estado vassalo da Rússia.
Coale disse aos jornalistas no sábado que as negociações foram “muito produtivas”.
“Conversamos sobre o futuro, sobre como avançar no caminho da reaproximação entre os Estados Unidos e a Bielorrússia para normalizar as relações”, disse ele. “Esse é o nosso objetivo.”
As reuniões são o passo mais recente em uma reaproximação de meses entre Washington e Minsk, que resultou na libertação de centenas de presos políticos e na lenta restauração das relações econômicas.
Desde 2020, os Estados Unidos têm imposto repetidamente sanções à Bielorrússia, um aliado próximo da Rússia. Foi quando o Sr. Lukashenko, auxiliado pelo presidente Vladimir V. Putin, da Rússia, reprimiu protestos generalizados contra o que os críticos chamaram de eleição fraudulenta. As relações pioraram em 2022, quando o líder bielorrusso permitiu que o Kremlin usasse seu país como base para sua invasão em grande escala da Ucrânia.
Mas Trump adotou uma abordagem diferente em relação aos líderes autocráticos ao redor do mundo. Na sexta-feira, Lukashenko elogiou efusivamente o presidente americano.
“Dizem que Trump adora bajulação”, disse Lukashenko a Coale na sexta-feira, durante uma reunião na vasta residência do líder bielorrusso. “Mas não estou aqui para bajulação. Quero dizer que gosto muito de suas ações recentes.”
Antes de 2022, a Bielorrússia, um país sem litoral, usava o porto de Klaipeda, na Lituânia, para exportar seu potássio. Quando a guerra na Ucrânia levou o governo lituano a cortar essa rota de exportação, Minsk foi empurrada ainda mais para a órbita da Rússia, dando a Moscou mais controle sobre o abastecimento global do fertilizante crucial.
Atualmente, a maior parte do potássio bielorrusso é exportada através da Rússia, uma rota que tem sido muito mais cara para a Belaruskali, a empresa estatal de potássio que produz cerca de 20% do abastecimento mundial. A empresa é a maior contribuinte da Bielorrússia.
Os detalhes exatos do alívio das sanções anunciado no sábado e das possíveis novas rotas de exportação para o potássio bielorrusso ainda não foram divulgados publicamente.
Minsk libertou pelo menos 430 prisioneiros desde julho de 2024, e a libertação de cerca de 70 deles foi negociada pelo governo Trump. Mas o ritmo da repressão política na Bielorrússia não diminuiu, e mais de 1.200 prisioneiros políticos permanecem atrás das grades, de acordo com a Viasna, um grupo de direitos humanos bielorrusso presidido por Bialiatski.
Os prisioneiros libertados relataram ter sido privados de alimentação e cuidados médicos adequados. Sergei Tikhanovsky, um blogueiro da oposição bielorrussa, foi impedido de se comunicar com sua família durante anos enquanto esteve preso e perdeu 60 kg atrás das grades.
A última visita de Coale à Bielorrússia, com uma população de 9,5 milhões de habitantes, foi pelo menos a quarta neste ano. Em setembro, Washington prometeu suspender as sanções contra a Belavia, companhia aérea nacional da Bielorrússia, e explorar a reabertura de uma embaixada em Minsk.
As negociações entre o governo Trump e o governo de Lukashenko ocorrem em meio a uma série de atividades diplomáticas para acabar com a guerra na Ucrânia. Coale disse aos jornalistas no sábado que também discutiu a guerra com o líder bielorrusso.
Lukashenko, cujo país está situado entre a Ucrânia e a Rússia, tem buscado consistentemente se envolver nas negociações para acabar com a guerra, e Washington afirmou que tem usado o autocrata bielorrusso como canal para enviar mensagens ao líder russo. Putin e Lukashenko têm uma longa história juntos, disse Coale.
— Eles são amigos de longa data e têm o nível de relacionamento necessário para discutir tais questões — disse ele aos repórteres no sábado. — Naturalmente, o presidente Putin pode aceitar alguns conselhos e outros não. Essa é uma forma de ajudar no processo. (Com New York Times)
