Baleia rara encalha em praia da Argentina, mobiliza resgate e é encontrada morta no dia seguinte; vídeo

 

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Uma das baleias-de-bico menos conhecidas do mundo apareceu nesta terça-feira (16) nas margens de uma praia central de San Clemente del Tuyú, na Argentina. A baleia-de-bico — espécie aparentada aos golfinhos — estava ferida e encalhada na areia, e uma equipe de resgate da Fundação Mundo Marino realizou uma tensa operação contra o tempo para tentar salvá-la. No entanto, o animal foi encontrado morto na manhã seguinte.

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A baleia-de-bico é um cetáceo de mar aberto, o que significa que vive longe da costa e passa a maior parte da vida em águas profundas, onde realiza mergulhos extremos para se alimentar, principalmente de lulas e peixes. Seu comportamento é considerado muito esquivo: passa pouco tempo na superfície, o que torna extremamente difícil estudá-la em seu habitat natural.

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Encalhes de baleias-de-bico na costa argentina são considerados extremamente raros. Segundo o veterinário da fundação, Juan Pablo Loureiro, desde a criação da instituição, em 1987, foram registrados apenas quatro casos de encalhes dessa espécie.

Por isso, os especialistas ficaram surpresos quando o cetáceo apareceu em uma praia central da cidade turística. A fundação recebeu um chamado na tarde de terça-feira, por volta das 19h30, e os membros da equipe de resgate foram imediatamente notificados. Embora estivessem de folga e em casa, rapidamente começaram a se organizar para tentar salvar o animal.

Um grupo se deslocou até a praia para prestar auxílio, enquanto outro foi ao Centro de Resgate buscar as ferramentas e os equipamentos necessários. Devido à baixa visibilidade e ao grande peso do animal, a operação não foi simples. Tratava-se de um macho jovem, com 4,32 metros de comprimento e peso estimado em cerca de uma tonelada. Foi necessário o trabalho conjunto de vários integrantes da equipe para mover e empurrar o animal de forma estratégica de volta ao mar.

Durante várias horas, a equipe tentou manter o animal em águas rasas, na expectativa de que ele conseguisse nadar sozinho. A cada tentativa, o cetáceo ultrapassava as ondas e seguia em direção ao mar aberto, mas logo retornava à costa, descrevendo círculos — um comportamento comum em cetáceos com condições graves associadas a encalhes em praias.

Operação de resgate sob risco

Sergio Rodríguez Heredia, chefe do Centro de Resgate da fundação, explicou a dificuldade enfrentada durante a tentativa de devolução do animal ao mar. “O animal ia para o mar várias vezes, mas, assim que cruzava as ondas, retornava sistematicamente. Isso nos deu um prognóstico ruim, indicando uma condição delicada. Mesmo assim, continuamos tentando ajudá-lo, apoiando-o, reflutuando-o e dando-lhe tempo para se recuperar e nadar sozinho”, afirmou.

A operação seguiu até as 21h, quando, após grande esforço da equipe, a baleia-de-bico conseguiu nadar para o mar aberto e desapareceu de vista. Por causa da falta de visibilidade, não foi possível rastrear o animal na água. A ação colocou à prova os limites do protocolo de segurança da fundação, evidenciando o risco assumido pela equipe ao atuar na escuridão.

Morte confirmada e exames

Apesar de, naquele momento, a operação parecer ter sido bem-sucedida, a baleia-de-bico foi encontrada morta na costa na manhã seguinte, durante uma patrulha de monitoramento. O corpo estava muito próximo do local onde o resgate havia ocorrido inicialmente.

“É uma pena que o animal não tenha sobrevivido, mas estamos satisfeitos com o trabalho realizado durante a noite. Cada animal importa, e o fato de tentarmos ou não pode fazer toda a diferença, dando a um animal uma segunda chance. Sabemos que a morte faz parte do ciclo natural, mas sempre estaremos presentes quando houver uma maneira de ajudar”, disse Rodríguez Heredia.

O corpo do animal foi levado ao Centro de Resgate, onde foram realizadas a necropsia e a coleta de amostras. Resultados preliminares dos laboratórios da Faculdade de Ciências Veterinárias da Universidade Nacional de La Plata indicaram que o cetáceo apresentava pneumonia e uma alta carga parasitária no trato gastrointestinal. Segundo a fundação, essa condição preexistente provavelmente foi o fator determinante para a morte.

“O importante é que se trata de uma espécie de grande valor científico, pois é muito pouco conhecida e raramente vista. Estamos tentando realizar todos os estudos necessários para identificar a espécie e verificar se é possível determinar a causa da morte. Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, arriscando a vida de nossos colegas, porque nossa visão sempre será a de nos colocarmos em risco e estarmos presentes para o animal que precisa de nós”, concluiu Rodríguez Heredia.