Austrália e Turquia disputam sede da COP em 2026; veja quem está levando a melhor
Austrália e Turquia estão disputando o direito de sediar a Conferência Anual do Clima das Nações Unidas (COP) em 2026. A competição veio à tona nesta quinta-feira, durante as negociações atuais dos países na 30ª reunião da COP, que acontece em Belém.
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Apoiadores da candidatura australiana organizaram uma coletiva de imprensa para defender seu caso do lado de fora do pavilhão do país na COP30 — situação vista como constrangedora, uma vez que o espaço ficava a poucos passos do local da Turquia. Enquanto trabalhadores do pavilhão turco distribuíam café e chá para os delegados na manhã de quinta-feira, representantes indígenas australianos realizaram uma dança cultural.
A Austrália tem uma oportunidade única "de ser uma força de descarbonização para toda a região e, de fato, para o mundo", afirmou Rebecca Mikula-Wright, diretora-executiva do Investor Group on Climate Change, uma rede de investidores institucionais da Austrália e da Nova Zelândia.
A questão em jogo é qual país vai liderar as negociações internacionais de alto nível sobre o clima em 2026 e sediar uma conferência que normalmente reúne dezenas de milhares de delegados de todo o mundo, além de atrair investimentos verdes significativos.
Os países anfitriões também garantem uma rara chance de mostrar suas políticas climáticas, suas economias e sua cultura ao mundo, além de atrair turistas e negócios. Até agora, nem Turquia nem Austrália estão dispostas a abrir mão, e as nações encarregadas de resolver a disputa ainda não chegaram a uma decisão — um processo que exige consenso.
Há três anos, quando a Austrália entrou pela primeira vez na disputa, sua candidatura para sediar a COP31 junto com países insulares do Pacífico parecia praticamente garantida. Mas Erdogan disse na COP29, no ano passado, que seu país — que pretende alcançar emissões líquidas zero até 2053 — também concorreria para sediar a cúpula de 2026.
Entre os possíveis resultados, a conferência poderia acontecer em Adelaide, na Austrália, ou em Antália, na Turquia. Se nenhuma decisão for tomada até o fim desta COP30, a Alemanha se tornará a sede automaticamente.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse nesta quinta-feira que recebeu uma carta do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, nas últimas 24 horas, “mantendo sua posição em resposta à Austrália manter a nossa”.
Os defensores de realizar a conferência na Austrália afirmam que isso manteria o foco sobre os povos indígenas, ao mesmo tempo em que destacaria a região da Ásia-Pacífico e os Estados insulares que sofrem mais com as mudanças climáticas.
Negociadores e ativistas veteranos dizem que isso poderia ajudar a pressionar por um resultado mais progressista, incluindo compromissos mais firmes de abandonar os combustíveis fósseis — algo que preocupa grandes produtores de petróleo no Oriente Médio.
