Atitude do Palmeiras de escalar reservas contra o Grêmio reflete queda brusca do time no Brasileirão e foco na Libertadores

 

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De início, a fala de Abel Ferreira após o empate em 0 a 0 com o Fluminense, no último sábado, de que o Brasileirão estava “entregue” pareceu blefe. Afinal, o Palmeiras já se mostrou mais do que capaz de reverter desvantagens tão significativas quanto os quatro pontos de distância para o líder Flamengo. No entanto, o fato de o treinador só ter relacionado reservas para o jogo de hoje, em Porto Alegre, contra o Grêmio, às 21h30, parece ser um indício de que o time realmente jogou a toalha para o campeonato e centralizou todos os esforços na decisão da Libertadores, no próximo sábado, em Lima.

O movimento do técnico português indica, inclusive, a provável escalação titular do Palmeiras para enfrentar o Flamengo na capital peruana. Permaneceram em São Paulo para participar de um cronograma especial de treinamentos Carlos Miguel; Khellven, Gustavo Gómez, Murilo e Piquerez; Bruno Fuchs, Andreas Pereira e Raphael Veiga; Allan, Flaco López e Vitor Roque.

Queda na reta final

Sintomática, a atitude do Palmeiras de levar a campo um time totalmente reserva para o último jogo antes da final reflete sua queda brusca na reta final do Campeonato Brasileiro. Líder da competição há até três jogos, a equipe de Abel Ferreira viu a distância de três pontos na 33ª rodada ruir junto com o poder ofensivo do coletivo e principalmente da dupla formada por Flaco López e Vitor Roque.

Nas primeiras 31 partidas do Brasileirão, os dois atacantes, somados, fizeram 25 gols e cinco assistências. Nas últimas quatro, porém, apenas uma bola na rede, com Roque, na derrota para o Mirassol.

— Acho que o grande problema foi a derrota para o Mirassol e a forma como ela aconteceu. Tirou muito da confiança do time na reta final, depois vieram os desfalques na data Fifa e as atuações ruins. Tudo isso contribuiu para um processo de ansiedade no time — avaliou Rodrigo Coutinho, comentarista do SporTV.

— Flaco esqueceu de fazer o que estava fazendo. Em vez de correr para a frente, estava a correr para trás. Ele é centroavante, não é meia- armador — analisou Abel Ferreira, em tom mais ríspido, no último sábado.

Há nove jogos sem marcar e com apenas uma assistência no período, Flaco tem se mostrado nervoso dentro de campo. Retrato disso são as decisões equivocadas tomadas pelo centroavante. Contra o Fluminense, por exemplo, optou por jogada individual em lance marcante em vez de procurar Vitor Roque em melhor condição de marcar.

— O treinador tem a tática, a técnica, pensa em poupá-los fisicamente... Mas as decisões têm que ser sempre dos jogadores, não tem como — concluiu Abel.

Com a queda de rendimento dos atacantes, nem o fato de o Palmeiras ter mantido a fortaleza defensiva — a média era de 0,83 gols sofridos nos primeiros 31 jogos e foi de 0,75 nos últimos quatro — fez com que o time mantivesse o aproveitamento — de 73,1% caiu para 16,6%.

Virada de chave

Com cenário de terra quase arrasada no Campeonato Brasileiro, o confronto contra o Grêmio é visto, mais do que uma oportunidade de cortar distância para o Flamengo e seguir na briga pelo título, como uma chance para virar a chave e fazer com que o Palmeiras chegue para a decisão de sábado com o ânimo renovado. Além disso, é também uma boa ocasião para alguns jogadores mostrarem que merecem minutos na final em Lima, a depender do cenário que a partida apresente.

— Estamos trabalhando muito já pensando no jogo de sábado, com muita humildade e os pés no chão. É o jogo mais importante do ano para a gente e, claro, é uma preparação diferente, uma concentração diferente, foco diferente — sintetizou Vitor Roque.