Ataque em Sydney parece ter sido 'motivado pela ideologia do Estado Islâmico', afirma premier australiano

 

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O premier da Austrália, Anthony Albanese, afirmou que o ataque que deixou 15 mortos e mais de 40 feridos durante uma celebração de um festival judaico em Sydney, no domingo, parece ter sido “motivado pela ideologia do Estado Islâmico”, se referindo à organização terrorista surgida no Oriente Médio. Logo após o atentado, investigadores declararam que os atiradores — um morreu e o outro está internado — poderiam ter laços com o grupo extremista.

— Ao que tudo indica, isso foi motivado pela ideologia do Estado Islâmico — disse Albanese, em entrevista à rádio ABC, na manhã de terça-feira (noite de segunda-feira no Brasil. — Uma ideologia que existe há mais de uma década e que levou a essa ideologia de ódio e, neste caso, à disposição para cometer assassinatos em massa.

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Albanese confirmou que um dos atiradores, Naveed Akram, de 24 anos, foi monitorado pelos serviços de segurança australianos em 2019, por seus laços com um homem chamado Youssef Uweinat, apontado como um recrutador do Estado Islâmico.

Embora Uweinat tenha sido preso por quatro anos, acusado de aliciamento de menores para a realização de ataques, as investigações sobre Akram foram suspensas. Imagens obtidas pela rede ABC mostram Akram ao lado de outras pessoas acusadas de ligação com o Estado Islâmico, e mais tarde processadas por suspeita de planejarem atentados.

— Sua associação com outras pessoas chamou a atenção deles (investigadores). Duas das pessoas com quem ele se associava foram acusadas e presas, mas, naquela época, ele não era considerado suspeito — completou Albanese. — Agora, se ele foi radicalizado ainda mais depois disso, quais foram as circunstâncias, isso é assunto para uma investigação mais aprofundada.

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Akram está internado desde o dia do ataque, e o pai dele, Sajid Akram, morreu ao trocar tiros com a polícia. Sajid chegou à Austrália em 1998, usando um visto de estudante, e em 2001 obteve uma permissão concedida a parceiros de cidadãos australianos ou residentes permanentes. Naveed Akram nasceu na Austrália.

No domingo, Naveed e Sajid Akram atacaram uma multidão de cerca de mil pessoas que celebrava o festival judaico do Chanucá, na popular praia de Bondi, em Sydney. Segundo a polícia, os dois dispararam por quase 10 minutos com rifles, e um deles foi contido por um homem, o comerciante Ahmed al-Ahmed, que vive no país desde 2006. Ao todo, 15 pessoas morreram, incluindo uma menina de 10 anos e um sobrevivente do Holocausto, e cerca de 40 ficaram feridas.

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Desde o primeiro momento, o caso está sendo tratado como um atentado terrorista com motivações antissemitas. Apesar das palavras de Albanese, os investigadores ainda não revelaram possíveis provas de ligação dos atiradores com o grupo Estado Islâmico — no passado, atentados dos chamados “lobos solitários” ao redor do mundo envolviam pessoas radicalizadas que, pouco antes de lançarem seus massacres, faziam um juramento de lealdade ao grupo.

— Estamos trabalhando o máximo que podemos — declarou Albanese. — Mas o antissemitismo, é claro, existe há muito tempo, esse é o ponto. O Estado Islâmico é uma ideologia que, tragicamente, na última década, particularmente desde 2015, levou à radicalização de algumas pessoas a essa posição extrema, e é uma ação odiosa.