Arsenal 'high tech' desburocratiza crédito no campo

 

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Os grandes bancos estão usando maciçamente satélites, robôs, leitores ópticos, inteligência artificial (IA), machine learning, análise de dados e outras ferramentas e soluções tecnológicas na estruturação do crédito para o agronegócio. São R$ 257,1 bilhões concedidos nos 12 meses terminados em junho que geram toneladas de dados críticos inseridos na gestão de riscos e compliance dos financiamentos e seguros rurais, que vão do alinhamento da propriedade ao zoneamento agrícola, até listas de trabalho análogo à escravidão, desmatamento e cadastro rural.

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—A tecnologia tem permitido uma qualificação prévia mais precisa das operações, reduzindo o risco de propostas que não atendam integralmente às exigências regulatórias. São mais de 1,5 mil soluções analíticas e mais de 800 modelos com IA, com incremento de 130% nos últimos três anos — sustenta o diretor de agronegócios e agricultura familiar do Banco do Brasil, Alberto Martinhago.

Principal financiador do agro no país, o BB montou uma Rede de Assessoramento Técnico em Nível de Carteira (ATNC), formada por 250 profissionais de ciências agrárias.

Eles são responsáveis por avaliações presenciais dos imóveis oferecidos em garantia e alimentam o Sistema RTA (Referencial Técnico Agropecuário), do qual deriva um processo automatizado que estima o valor de mercado do bem, bastando, para tanto, informar as coordenadas geográficas e os tipos de uso do solo do imóvel.

— Fiscalizamos 20 mil propriedades diariamente por satélite. Acessamos 20 bases públicas, analisando embargo, desmatamento, terra indígena, floresta pública, (área) quilombola, parque, tudo o que pode dar problema. O mais complexo de todos é o desmatamento, que se pode detectar de um dia para o outro, antes do Ibama— explica Carlos Aguiar, diretor de agronegócios do Santander.

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Aguiar acrescenta que, via sensoriamento remoto, o banco espanhol já está na terceira medição do portfólio do agro em termos de emissão de carbono, cruzando dados da Embrapa das diversas culturas nos estados. E ressalta a eficiência operacional derivada do uso intenso da tecnologia com a burocracia do crédito rural.

O diretor de agronegócios do Bradesco, Roberto França, tem a medida dessa eficiência:

—Levava dez, 15 dias para os bancos transitarem a documentação dentro da organização e acessar o crédito; hoje, consigo conceder um crédito rural muitas vezes em dois, três dias.

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França afirma que a gestão de dados, próprios ou de terceiros, é imprescindível para lidar com mais de 50 mil contratos na base, contribuindo para maior assertividade na cessão de crédito e facilidade no processo de contratação do financiamento e sua conformidade com as exigências regulatórias, sem que o tomador precise ir ao banco.

Plataformas no crédito

No Bradesco, toda a tramitação do pedido do crédito rural e enquadramento é feita via aplicativo ou internet, por meio da plataforma E-agro.

Criada há três anos, durante a pandemia de covid-19, a plataforma foi responsável por R$ 2 bilhões de crédito rural no ano passado e deve fechar este ano safra (2025-26) com R$ 5 bilhões, do total de R$ 35 bilhões de concessões do banco, segundo França.

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Na mesma época, a Brasilseg — a seguradora do BB – lançou O Broto, uma vitrine digital para máquinas e implementos agrícolas.

— Geramos mais 35 mil oportunidades de negócio para as empresas que anunciam na plataforma, que já resultaram em R$ 9,7 bilhões em negócios. Hoje, contamos com mais de 360 mil produtores cadastrados e recebemos mais de 12 milhões de visitas — contabiliza Evaldo Gonçalo, CEO da empresa, hoje independente.