Arco e flecha: melhor temporada da carreira faz Arrascaeta se consagrar protagonista do enea brasileiro do Flamengo

 

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O eneacampeonato brasileiro do Flamengo carrega nome e sobrenome já conhecidos de cor e salteado: Giorgian de Arrascaeta. Aquele que já era o principal cérebro do elenco desde o início desta geração vitoriosa, em 2019, ganhou uma nova roupagem — ainda maestro, mas também artilheiro —, que o colocou no posto de craque do país na temporada e de figura central da conquista, sacramentada ontem, na vitória sobre o Ceará, no Maracanã.

Artilheiro do rubro-negro no campeonato e na temporada, o meia fez a diferença neste Brasileirão, sobretudo destravando partidas equilibradas com gols e assistências. O exemplo mais recente havia sido na 35ª rodada, quando foi responsável pela bola na rede que abriu o placar da vitória por 3 a 0 sobre o Bragantino, mas também aconteceu diversas vezes ao longo da campanha, contra Palmeiras, Botafogo, Bahia e outros adversários de cima.

Ao todo, o uruguaio participou de gols em 22 dos 32 jogos em que esteve em campo (contando gols e assistências) e só está atrás de Kaio Jorge, do Cruzeiro, na disputa pela chuteira de ouro — vale lembrar que o adversário é centroavante.

No ano, são 41 participações em gols — 23 bolas na rede e 18 assistências —, que já consolidaram o melhor ano de sua carreira, ainda faltando algumas partidas para ampliar essas marcas. O número de gols já é recorde, mas, em 2019 e 2022, por exemplo, ele conseguiu uma assistência a mais (19).

Curiosamente, estes eram os últimos dois anos em que o rubro-negro havia conquistado a Libertadores, façanha que se repetiu no último sábado, na final contra o Palmeiras. Por sinal, foi o camisa 10 quem cobrou o escanteio para Danilo marcar de cabeça o gol da vitória por 1 a 0, em Lima (Peru).

O que mudou

O “novo jogo” de Arrascaeta foi traçado em parceria com Filipe Luís e sua comissão técnica, que entenderam que ele precisava atuar mais perto da grande área. Em um 2025 conturbado para Pedro e as demais opções de comando do ataque, os gols acabaram sendo herdados pelo maestro.

— Eu monto a equipe em função do melhor jogador, sempre tento passar todas as facilidades para que ele tenha mais tempo e espaço e que esteja mais perto do gol, onde é realmente diferente — analisou Filipe Luís.

Além de flutuar pelo meio-campo e promover as associações com os companheiros para colocá-los em condição de marcar, o uruguaio também se tornou o jogador que se apresenta para a finalização, seja de fora da área, de cabeça ou com um toque simples.

Aos 31 anos, Arrascaeta mudou seu estilo de jogo para compensar a natural queda física. Deixou a desconfiança para trás e, com acompanhamento personalizado do clube, chega à temporada em que esteve mais disponível na carreira: 61 jogos.

Flamengo é eneacampeão brasileiro em 2025

Alexandre Cassiano

O uruguaio cumpriu a promessa feita no fim de 2024, quando encerrou seu ano precocemente após o título da Copa do Brasil, em novembro, para fazer uma artroscopia no joelho direito. Junto ao clube, chegou à conclusão de que o procedimento era essencial para que parasse de sofrer com problemas físicos, como pubalgia, evitando ser desfalque com frequência — fez 43 jogos no último ano.

— Mérito dele, qualidade absurda. Um jogador que é único, que não perde a ambição, que quer mais e mais. Um grande líder, fala isso todos os dias com a forma de atuar dentro do grupo — disse o técnico Filipe Luís.

Década de liderança

O papel de líder de vestiário exercido por Arrascaeta também aflorou mais neste ano, sobretudo no processo pela renovação de seu contrato. As tratativas entre o jogador e seu empresário com a diretoria rubro-negra levaram meses e tiveram idas e vindas. Mas o uruguaio mostrou paciência enquanto outras pendências dos companheiros eram tratadas como prioridade, e provou em campo que merecia a confiança — e um aumento salarial.

No dia 8 de novembro, estendeu o vínculo oficialmente até 2028, com possibilidade de ficar até 2029 se bater metas. Ou seja, poderá chegar a uma década vestindo a camisa rubro-negra. Não à toa, é o jogador mais vitorioso da história do clube, ao lado de Bruno Henrique — ambos têm agora 17 títulos oficiais. Se o jogador que se apresenta neste ano mantiver a forma, ainda pode render muitos frutos.