Após quase dois meses de 'jejum', China compra as primeiras cargas de soja dos EUA nesta temporada

 

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A China comprou pelo menos duas cargas de soja dos Estados Unidos, sua primeira aquisição conhecida nesta temporada, o que pode marcar uma retomada dos fluxos comerciais como parte de um acordo mais amplo que deve ser firmado entre as duas maiores economias do mundo ainda nesta semana. O país asiático passou o mês de setembro todo sem fazer encomendas do grão americano e não se tinha notícia até agora de novo pedido neste mês.

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As remessas estão reservadas para embarque e possível entrega ainda neste ano, segundo pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram para manter o anonimato.

Autoridades chinesas e americanas chegaram a um acordo preliminar no fim de semana, na Malásia, abrindo caminho para que o líder chinês, Xi Jinping, e o presidente dos EUA, Donald Trump, finalizem um acordo comercial que deve reverter grande parte das tarifas, taxas e restrições às exportações que foram ameaçadas ou implementadas nas últimas semanas. Os dois devem se reunir nesta quinta-feira, na Coreia do Sul.

Pequim havia evitado comprar soja dos Estados Unidos até agora nesta temporada de exportações, usando a commodity como moeda de troca em sua guerra comercial com Washington. As empresas chinesas recorreram, em vez disso, à América do Sul para obter remessas recordes e acumularam amplos estoques. No entanto, essa diversificação também as expôs a custos mais altos e a riscos climáticos.

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O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, havia declarado que esperava que a nação asiática fizesse compras “substanciais” de soja depois que negociadores americanos e chineses chegaram a um acordo sobre uma série de pontos controversos nas conversas realizadas no fim de semana.

Um acordo entre as duas maiores economias do mundo poderia reiniciar um comércio que movimentou mais de US$ 12 bilhões no ano passado, reabrindo o acesso ao maior consumidor mundial de soja para os produtores americanos, que vêm enfrentando uma prolongada pressão financeira.

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— As notícias são, sem dúvida, positivas, mas o mercado vai esperar para ver quais são os detalhes do acordo — disse Chris Nikolaou, diretor-geral da Advantage Grain, uma empresa australiana de comercialização agrícola. — É certamente bom para a demanda internacional, para os produtores e para os consumidores chineses.

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Os vendedores de grãos estavam otimistas de que China e Estados Unidos chegariam a um acordo nesta semana sobre produtos agrícolas, o que levou a uma alta nos preços da soja em Chicago. No entanto, eles continuam cautelosos quanto à quantidade de soja americana que a China realmente comprará nesta temporada.

Ainda não está claro se a China se comprometerá com volumes fixos de soja dos EUA, e há incertezas sobre como qualquer acordo seria implementado. Com os preços do farelo de soja na China ainda fracos, mesmo uma reversão das tarifas aos níveis anteriores à guerra comercial pode não tornar lucrativo para as esmagadoras chinesas adquirirem soja americana, segundo fontes familiarizadas com o assunto.

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Uma retomada das importações do que antes era a segunda maior fonte de soja da China poderia ajudar a reduzir custos. No entanto, uma entrada repentina de cargas vindas dos EUA poderia exercer pressão adicional sobre os preços dos produtos processados, como o farelo de soja.

As exportações americanas de milho e trigo para a China também despencaram para quase zero, à medida que Pequim restringiu as importações para proteger seus agricultores.

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O apetite da China por soja americana também pode ser moderado, já que a segunda maior economia do mundo enfrenta dificuldades para recuperar o ritmo de crescimento, o que limita a demanda por ração animal e alimentos. Além disso, a estratégia de longo prazo de Pequim de diversificar fornecedores e reduzir a dependência dos Estados Unidos deve permanecer em vigor.

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