Após protestos, presidente da Comissão Europeia diz que acordo UE-Mercosul não será assinado no sábado

 

Fonte:


A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul não será assinado neste sábado como estava previsto, segundo informações do site americano Politico e da agência de notícias AFP.

A assinatura do pacto, que está em risco com países europeus se posicionando contra o tratado, pode ficar somente para o mês que vem.

Mais cedo, em conversa com jornalistas, Lula disse que conversou com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, nesta quinta-feira, e que ela pediu paciência, e pelo menos um mês para que a Itália possa entrar no acordo. O presidente brasileiro acrescentou que vai levar esse pedido para discutir com outros membros do Mercosul.

Isso acontece dias depois que Lula deu um ultimato, diante da resistência de membros importantes da União Europeia, e chegou a afirmar que o Brasil pode abandonar as negociações caso não houvesse consenso até o fim do ano.

Hoje, milhares de agricultores europeus protestaram contra o acordo entre os blocos em Bruxelas, na Bélgica, onde o Conselho Europeu se reuniu para discutir o acordo que já soma 26 anos de negociações.

Segundo os produtores rurais, a entrada de produtos sul-americanos na Europa sem tarifas afetaria setores como de carne bovina, aves, açúcar e soja.

Na capital belga, tratores bloquearam diversas ruas da cidade. Manifestantes botaram fogo em entulhos e entraram em confronto com a polícia. Alguns atiraram batatas contra as forças de segurança. A batata é uma das principais produções europeias, especialmente na Bélgica, país conhecido, inclusive, por ter criado a batata frita.

Houve também protestos na França. Ontem, manifestantes chegaram a bloquear estradas próximo ao Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.

O presidente francês Emmanuel Macron, que está na Bélgica para a reunião do Conselho, reafirmou que, apesar das cláusulas que protegem agricultores europeus, aprovadas ontem pelo Parlamento Europeu, o texto ainda apresenta falhas e não pode ser votado neste momento.

Além da França, Itália e Polônia também têm ressalvas ao acordo e, dessa forma, fica praticamente inviabilizada a assinatura do tratado ainda nesta semana. Isso porque esses três países estão entre os mais populosos do bloco e têm votos decisivos.

Esse impasse pode impedir que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, venha ao Brasil assinar o tratado comercial neste sábado, como está previsto, durante a Cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu.