Após mais de 24 horas, São Paulo ainda tem 1,38 milhão de imóveis sem luz; Enel segue sem previsão para restabelecimento total
Mais de 24 horas após o vendaval provocado por um ciclone extratropical, São Paulo ainda registra, nesta quinta-feira (11), 1,3 milhão de imóveis sem energia, segundo a Enel, concessionária responsável pela maior parte dos municípios da região. O total equivale a 16,24% dos 8,5 milhões de clientes atendidos pela concessionária.
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Na capital paulista, 944.355 unidades seguem no escuro, o equivalente a 16,27% dos consumidores. No pico da crise, cerca de um quarto dos imóveis chegou a ficar sem energia simultaneamente.
A Enel segue sem apresentar uma previsão de restabelecimento total. Em nota, justificou a crise devido ao vendaval foi “histórico”, com rajadas de até 100 km/h por um período contínuo de aproximadamente 12 horas.
— Diferente de outras crises, onde chove, demora duas, três horas de chuva e vento e para, a gente teve ventos ao longo do dia de ontem de 97 km/h. Não foi um vento que entrou e parou, foi um vento constante — disse o diretor da Enel São Paulo, Marcelo Puertas, ao Bom Dia São Paulo, da TV Globo.
O executivo não estimou prazo para normalização, mas afirmou que a empresa mobilizou mais de 1.500 equipes ao longo de quarta-feira (10) para atuar nos reparos.
Segundo o Corpo de Bombeiros, já são 1.642 chamados para quedas de árvores e 26 para desabamentos desde o início da ventania.
Voos cancelados
O tráfego aéreo também foi impactado pela ventanias. Somados, os aeroportos de Congonhas e Guarulhos já acumulam mais de 340 voos cancelados. Só em Congonhas foram 181 cancelamentos na quarta-feira e 46 na manhã desta quinta; em Guarulhos, houve 61 chegadas e 56 partidas suspensas no mesmo período. Nos aeroportos, clientes reclamam dos descasos das áreas e das longas filas para remarcar voos.
Grande São Paulo
A crise na falta de energia também é intensa na Grande São Paulo. Embu-Guaçu permanece como o caso mais grave, com 98% da cidade afetada, seguida por Juquitiba, onde 53% dos clientes seguem no escuro. Municípios da zona oeste registram índices elevados: Cotia tem 31,6% das ligações interrompidas, Embu das Artes, 29,1%, e Itapecerica da Serra, 27,3%. Em Taboão da Serra, o serviço ainda não voltou para 24,1% das unidades.
Outras cidades mantêm patamares significativos, como Vargem Grande Paulista (20,7%), Rio Grande da Serra (20,5%), Itapevi (18,4%) e Ribeirão Pires (18%). No ABC, São Bernardo do Campo tem 15,4% dos clientes afetados e Santo André, 13,6%.
Mesmo onde os percentuais são menores, os números absolutos seguem altos. Osasco soma 40,4 mil imóveis sem luz (11,9%), enquanto Carapicuíba, Diadema, Mauá e São Caetano do Sul também superam a casa dos 10%. Já Barueri, Jandira, Cajamar e Santana de Parnaíba registram quedas mais brandas, mas ainda acumulam milhares de unidades sem energia.
Distribuição de água afetada
O apagão também compromete o abastecimento de água, já que estações de bombeamento ficaram longos períodos sem energia. Na capital, estão afetadas regiões como Americanópolis, Cangaíba, Parelheiros, Parque do Carmo, Parque Savoy, Sacomã, Vila Clara, Vila Formosa e Vila Romana. Bairros vizinhos também enfrentam instabilidade devido à dependência dos reservatórios locais.
Na Grande São Paulo, há impacto significativo em Itapecerica da Serra, Guarulhos, Cajamar, Mauá e Santa Isabel, além de áreas de Cotia e São Bernardo do Campo.
A Sabesp afirmou que a recomposição depende do enchimento gradual das tubulações e caixas-d’água, o que pode levar horas após a retomada plena da energia.
Previsão do tempo
Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), as condições meteorológicas devem melhorar nesta quinta-feira. As rajadas de vento, que na quarta chegaram a quase 100 km/h, devem cair para cerca de 60 km/h.
“O sistema de baixa pressão que deu origem ao ciclone extratropical vai se afastar para alto mar nos próximos dias. A tendência é de ventos menos intensos, predomínio de sol e elevação das temperaturas”, afirmou o órgão em nota.
