Após chamar família de 'Os Ratos', idosa corta sobrinho de herança de R$ 3 milhões em disputa sobre ida a asilo na Inglaterra

 

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A Justiça britânica confirmou a exclusão de Ben Chiswick, de 39 anos, da herança de sua tia-avó, Doreen Stock, que morreu aos 86 anos em 2021. Avaliado em cerca de 400 mil libras — aproximadamente R$ 3 milhões — o patrimônio havia sido originalmente destinado ao sobrinho-neto em um testamento escrito quando ele ainda era bebê, segundo documentos apresentados ao Tribunal do Condado de Central London.

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O tribunal ouviu que Doreen decidiu alterar drasticamente seus planos em 2020, depois de uma discussão provocada pela sugestão dos pais de Ben, Patricia e Brent Chiswick, de que ela ficasse temporariamente em uma casa de repouso enquanto viajavam de férias. Descrita como extremamente independente, a viúva teria interpretado a proposta como uma tentativa de encaminhá-la a um lar de idosos permanente, passando a se referir ao ramo dos Chiswick como “Os Ratos”, de acordo com o depoimento apresentado no julgamento que ocorreu neste ano.

A mudança levou Doreen a nomear como herdeiros seu sobrinho Simon Stock, que vivia perto dela em Londres, e sua esposa Catherine. Simon afirmou ter sido “o mais próximo que ela já teve de um filho”, enquanto o tribunal destacou a frequência com que o casal prestava apoio à idosa, inclusive com tarefas cotidianas. Já Ben, que vive atualmente nos Estados Unidos, contestou o novo testamento, alegando que a tia-avó sofria de demência e não teria plena consciência das decisões que tomava.

A juíza Jane Evans-Gordon rejeitou a contestação, afirmando que Doreen mantinha capacidade mental quando reescreveu o testamento entre janeiro e março de 2020. Embora tenha reconhecido que a visão da idosa sobre os Chiswicks pudesse ser “injusta”, a magistrada ressaltou que suas ações não foram irracionais. “As provas demonstraram que Doreen ficou transtornada a ponto de chorar com a sugestão de que ela iria para um lar de idosos”, afirmou Evans-Gordon, que também destacou o forte apego emocional da aposentada à casa onde viveu com o marido até 2001.

Segundo o tribunal, o ressentimento de Doreen teria se acumulado ao longo dos anos e se intensificado após uma avaliação de capacidade organizada por Patricia, medida que a idosa interpretou como ameaça à sua autonomia. Em poucas semanas, ela revogou a procuração que havia concedido aos Chiswick, aprofundando a ruptura entre as partes.

Na decisão final, a juíza concluiu: “Estou convencida de que Doreen tinha capacidade para fazer um testamento entre janeiro e março de 2020.” Com isso, Simon e Catherine Stock herdarão todo o patrimônio, enquanto Ben Chiswick não receberá qualquer parcela da herança.