Após 34 anos, polícia identifica suspeito de assassinato de quatro adolescentes nos EUA

 

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O assassinato de quatro adolescentes em uma loja de iogurte em Austin, Texas, em 1991, intrigou investigadores e assombrou a cidade por mais de três décadas. Nesta semana, porém, a polícia afirmou que o uso de técnicas modernas de análise de DNA permitiu identificar um suspeito.

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As vítimas foram amarradas, amordaçadas e incendiadas dentro da loja I Can’t Believe It’s Yogurt!, em uma rua comercial de Austin. O crime ficou conhecido como “os assassinatos da loja de iogurte”.

Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (26), a prefeitura informou que o Departamento de Polícia de Austin identificou Robert Eugene Brashers como responsável. Ele cometeu suicídio em 1999, dias depois de atirar contra policiais durante um confronto.

“A polícia de Austin fez um avanço significativo”, diz a nota publicada no site da cidade. “Por quase 34 anos, os agentes trabalharam incansavelmente e permaneceram comprometidos em resolver este caso para as famílias. Identificamos um suspeito desses assassinatos por meio de uma ampla gama de testes de DNA.”

O Departamento de Polícia de Austin afirmou que não dará mais informações até segunda-feira. A revelação foi noticiada inicialmente pelo The Austin American-Statesman.

O crime que chocou Austin

Eliza Thomas, 17 anos, e Jennifer Harbison, também de 17, estavam de plantão na loja de iogurte na noite de 6 de dezembro de 1991. Uma amiga, Amy Ayers, de 13, e Sarah, 15, irmã de Jennifer, foram ao local para encontrá-las.

Os corpos só foram descobertos na manhã seguinte. Bombeiros haviam sido chamados pouco antes da meia-noite para conter um incêndio de grandes proporções e, após controlar as chamas, encontraram as vítimas.

As adolescentes foram despidas, amarradas com as próprias roupas e executadas com tiros na cabeça. Pelo menos duas delas sofreram abuso sexual. Três corpos foram empilhados em um cômodo dos fundos e cobertos com copos de isopor. O agressor usou fluido de isqueiro para incendiar a cena do crime.

Na época, Brashers não estava entre os principais suspeitos, e a polícia acreditava que mais de uma pessoa havia participado da ação. A brutalidade do caso abalou Austin, uma cidade com baixos índices de criminalidade para seu porte.

A investigação se estendeu por milhares de pistas, mas poucas se mostraram promissoras. Muitas evidências físicas foram destruídas pelo fogo ou danificadas pelos bombeiros durante o combate às chamas.

Foram colhidas pequenas amostras de DNA, mas os testes disponíveis nos anos 1990 permitiram apenas identificar o perfil de um namorado de uma das jovens, descartado como suspeito.

Avanço com a genealogia genética

Em 1999, quatro homens — adolescentes na época dos crimes — chegaram a ser presos, mas os processos ruíram por falta de provas. Dois foram condenados, mas as sentenças foram anuladas em apelação.

Em 2007, promotores tentaram reabrir o caso com novos testes de DNA, mas os resultados não corresponderam a nenhum suspeito, o que frustrou a população.

Somente com os avanços recentes da genealogia genética foi possível identificar Brashers. A técnica consiste em inserir perfis genéticos em bancos de dados de DNA para encontrar correspondências ou parentes próximos. O método já havia sido usado em 2018 para identificar o chamado “Assassino do Golden State”, na Califórnia.

Segundo o Austin American-Statesman, os investigadores conseguiram vincular Brashers a pelo menos três outros assassinatos. Um detetive aposentado declarou à CBS News que uma cápsula de bala achada em um ralo da loja correspondia à arma usada por ele para tirar a própria vida em 1999.

“Não esqueceremos” tornou-se o lema da cidade após o crime, destacou o New York Times em 1992. Os pais das irmãs assassinadas se tornaram figuras públicas, e as jovens foram homenageadas em escolas, em um rodeio, com um carro alegórico e na criação de um fundo de bolsas de estudo.

A loja de iogurtes não existe mais, mas uma placa no local mantém viva a memória das quatro adolescentes.