Apagão em SP: mesmo com apoio de outras distribuidoras, equipes de reconstrução eram menos de 5% do efetivo total da Enel
Mesmo com o apoio de profissionais de outros estados, as equipes mobilizadas para a reconstrução da rede elétrica de São Paulo, danificada por fortes rajadas de vento na semana passada, representavam menos de 5% do efetivo total da Enel, segundo consta na ata de uma reunião entre a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e concessionárias no último dia 12. O fenômeno deixou mais de 2 milhões de imóveis sem luz em São Paulo.
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Para a Aneel, o baixo quantitativo indica que o mecanismo de compartilhamento de equipes não é suficiente para lidar com eventos climáticos de grande magnitude, como o ocorrido em São Paulo na última semana.
A reunião aconteceu dois dias após o estado ser atingido por um vendaval provocado pela passagem de um ciclone extratropical. Às 10h da última quarta-feira (10), mais de 2 milhões de imóveis estavam sem fornecimento de energia elétrica. Segundo o documento, a Enel identificou a necessidade das chamadas equipes pesadas, que atuam na reconstrução de estruturas, para atuar nas áreas mais críticas.
Para isso, foi necessário solicitar o apoio das distribuidoras vizinhas. A CPFL, Elektro, EDP, Light e Cemig confirmaram a disponibilidade de equipes pesadas, e um total de 76 unidades foram enviadas para ajudar na recuperação do sistema de energia. Elas atuaram na reconstrução de redes e substituição de postes.
"A ANEEL destacou que, apesar do esforço conjunto, o número de equipes pesadas mobilizadas representava menos de 5% do efetivo total da Enel, levantando dúvidas sobre a capacidade do mecanismo de realmente alterar o cenário em eventos extremos", diz o registro da reunião do dia 12 de dezembro.
A agência reguladora destacou ainda que, ao retirar equipes de uma área vizinha e enviar a outra para prestar o auxílio, regiões que também lidam com problemas decorrentes do clima ficam sem pessoal.
"Foi observado que a maioria das equipes mobilizadas veio de distribuidoras próximas, que também enfrentavam problemas climáticos, limitando a disponibilidade de recursos e sugerindo a necessidade de envolver empresas de regiões menos afetadas", diz a ata da reunião.
Procuradas, a Enel e a Aneel ainda não se manifestaram. O espaço segue aberto.
Em nota anterior, a Enel São Paulo disse que enfrentou nos dias 10 e 11 "um ciclone extratropical com o vendaval mais prolongado já registrado na região". As rajadas duraram mais de 12 horas e atingiram um pico de 82,8 km/h no Mirante de Santana. A empresa destacou ter mobilizado "um número recorde de equipes em campo, chegando a quase 1.800 times ao longo dos dias"
