Análise: Davide leva a melhor contra Diniz e conduz Botafogo a vitória convincente contra o Vasco

 

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Em clássico que, além da importância habitual, valia muito pelos objetivos das equipes de conquistarem uma vaga na Libertadores de 2026, o Botafogo venceu e convenceu no 3 a 0 contra o Vasco. Merecido pelo que foi a partida, o resultado é amostra de um desempenho que não era apresentado há semanas por ambas as equipes, pela 32ª rodada do Braisleirão.

O alvinegro chegou aos 51 pontos, um a menos que o Bahia, primeiro time dentro do G5. Já o cruz-maltino segue em nono, com 42.

Pênalti abre o caminho

Pelo lado dos comandados de Davide Ancelotti, tudo deu certo. Superior desde a primeira etapa, o time enfileirou boas chances até abrir o placar. Santi Rodríguez teve duas ótimas oportunidades, mas tirou tinta da trave em uma e forçou Léo Jardim a fazer grande defesa em outra. Foi esse o caso também de Joaquín Correa, que cabeçeou à queima-roupa e forçou o goleiro cruz-maltino a fazer outra defesa difícil. De volta após ser desfalque contra o Mirassol por lesão na panturrilha esquerda, o argentino foi o melhor jogador do time. Foi ele, inclusive, quem sofreu o pênalti que abriu o caminho para a vitória do Botafogo.

— Conseguimos recuperar os jogadores e, é claro que quando temos mais atletas, temos um time mais confiável. Todos têm dificuldades e desfalques durante a temporada, então isso não pode ser desculpa. Temos que nos adaptar continuamente. O mais importante é que jogamos com uma mentalidade de organização e execução — valorizou Davide.

Por ironia do destino, calhou de ser Alex Telles o autor do gol. Marcado pela eliminação do alvinegro na Copa do Brasil por ter batido o pênalti defendido por Léo Jardim, o lateral-esquerdo teve sua revanche contra o goleiro cruz-maltino e optou pela bola de segurança: uma pancada no meio para lavar a alma.

O número de oportunidades criadas pelo Botafogo após jogadas com muita liberdade no meio-campo serve também para explicar o que minou o Vasco ao longo dos 90 minutos. Ao optar por seguir com Barros, Tchê Tchê e Coutinho num trio de maior mobilidade, Fernando Diniz viu sua equipe se apresentar de forma confusa e sem conseguir conter Santi, Correa e Savarino, os três jogadores mais cerebrais do alvinegro.

Foi dos pés de um deles que nasceu o segundo gol, já na etapa final. Rayan, que teve noite apagada na companhia de Vegetti, errou passe e a bola ficou com Marlon Freitas, que logo acionou Savarino. Com tempo de sobra para pensar no que faria, o venezuelano acionou Artur em ultrapassagem nas costas da zaga do Vasco. Um dos mais criticados pela torcida ao longo do ano, o camisa 7 teve calma para esperar a saída de Jardim e reencontrar o caminho das redes após de dois meses.

O gol não foi importante só para Artur como para Davide, que havia acionado o atacante durante a segunda etapa. Além de levar a campo um time que esteve equilibrado e criativo, o técnico acertou nas substituições que fez e liderou o Botafogo a uma das melhores atuações sob o seu comando.

O mesmo não pode ser dito sobre Diniz. Ao tentar repetir a dose tentada contra o São Paulo de colocar Matheus França de volante, o treinador viu, mais uma vez, o atleta não dar a resposta desejada. Recém-recuperado de entorse no tornozelo direito, França, contratado por empréstimo do Crystal Palace, da Inglaterra, já se tornou um dos principais alvos de críticas da torcida cruz-maltina.

Zagueiro marca no fim

Quase no apagar das luzes, quando as equipes já aparentavam dar o clássico como decidido, David Ricardo ainda marcou o terceiro após chute mascado de Cuiabano. Um dos reforços menos badalados para 2025, o zagueiro tem se provado, a cada oportunidade recebida, mais um bom achado do departamento de scout do Botafogo.

— Sempre esperei a minha oportunidade com muito trabalho. Nunca reclamei. Agradeço pela oportunidade de vestir a camisa do Botafogo. Creio que sempre aproveitei quando entrei, e agora tenho continuidade, o que é bom para todo jogador. Espero continuar desempenhando bem para conquistarmos nosso objetivo — comemorou o defensor.